quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2009 despede-se...

E para que o ano acabe em grande, ou para que o 2010 comece ainda melhor, deixo-vos, muito provavelmente, a música que mais me marcou este ano.
Tenham um excelente 2010!


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Então é Natal!


Já lá dizia o outro, não importa agora quem, mas com toda a razão. Na rua, o frio, agradável e apetecível, convida-me a dar um passeio e faço-o porque há muito que não tenho esse prazer. Divago-me, delicio-me, deixo-me seduzir pelas milhares de luzes que à minha volta se espalham, vermelhos e dourados de ocasião, ouço a banda sonora do momento, que nesse momento é também a minha banda sonora, e aprecio o panorama, cinematográfico, materializado mesmo à minha frente.
Então é Natal. E as pessoas, outras, como eu, que apenas ali estão pela vontade de ver, não as encontro...; levam os filhos, carregam sacos, embrulhos, consumos propícios, claro, saudáveis. Vejo-as a serem elas mesmas, pessoas, transeuntes, consumidoras, mães, pais, avós. Carros que também se passeiam pelas ruas de luz e distraio-me neste corropio, se assim o pode ser dito, não fosse o espírito que nos envolve, quase atropelado por um desses condutores, compreensíveis.
Então é Natal. É, pois. Vê-se e sente-se na lareira de sapatinhos pendurados, na árvore composta de luz e cor, nos presentes empilhados e enfitados voluptuosamente. No cheiro a neve, a velas acesas, a azevinho decorado, a luvas calçadas. Nos cânticos angelicais das ruas, no tilintar das moedas doadas ao mendigo, nos sinos casamenteiros das igrejas...
Então é Natal! Enfim, votos de um feliz Natal.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

"As Horas"

No "Cineliterário"
18 de Dezembro - 21h30

As Horas, de Stephen Daldry, a partir do livro de Michael Cunningham.

Três eras, três histórias e três mulheres sem ligação aparente, sem a noção de que apenas uma obra singular e poderosa pode mudar-lhes a vida. O livro é "Mrs. Dalloway", a excelente novela de Virginia Wolf. As mulheres são Virginia Wolf, a própria autora, Laura Brown, um mãe e esposa que vive em L.A. no final da 2ª Guerra Mundial e que através da leitura de "Mrs. Dalloway" pode mudar a sua vida para sempre, e finalmente, Clarissa Vaughan, uma versão actual de Mrs. Dalloway, que vive em Nova Iorque e está apaixonada por um poeta brilhante, doente de Sida.

No Auditório da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco (V. N. Famalicão)
Sessão moderada pela Dra. Cláudia Sousa Dias.
Convidada especial, Dra. Maria do Rosário Fardilha, vizinha internauta do blogue Divas&Contrabaixos

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A Little Night Music

Estreia no próximo Domingo, 13 de Dezembro, a primeira reposição de um dos maiores musicais de Stephen Sondheim na Broadway Nova Iorquina, A Little Night Music. Desta feita, Catherine Zeta-Jones no papel de Desiree Armfeldt e Angela Lansbury como Madame Armfeldt, prometem um dos maiores sucessos de sempre com este musical vencedor de 6 Tony Awards - incluindo Melhor Musical - sob encenação do igualmente galardoado e veterano Trevor Nunn.


ISNT'S IT RICH?
Consultem o site oficial para outras notícias e a página do facebook para fotos do espectáculo e muito mais!

E aqui fica um mimo para os fãs de "Send In The Clowns", Judy Collins, com Russel Walden ao piano, na Casa das Artes de Famalicão



quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A palavra

Caiu sobre mim a multidão em sombra. Impossível contar-te do mal que em mim habita. Uma e outra vez a sinto, essa palavra escondida, secreta, maldita. Magoado no intento, procuro justificação na tuas acções, ou reacções. E escuto-te, atento-te e envergonho-me quando me dizes que não passa disso, essa palavra custosa de ouvir, mas real.
Carga sofredora. Imunda estupidez que me rodeia e me envolve. Uma e outra vez, farto dos meus lamúrios, caio na desgraça que me é devida e choro, e choro desconsoladamente por ti. Mártir dos meus sentimentos, ou pensamentos, de quem verdadeiramente sou, estagno e perco-te na imensa absorção da minha solidão. Encontro-te, contudo, naquela palavra que não me larga, descola, desprega.
Continuas aí, tu, sempre tu, só e unicamente tu. Igual ao que sempre foste, tens sido e ao que serás, porque vejo-te assim, a tua singularidade emotiva, afectiva. Urges na dissipação, completa, das amarguras proferidas, dirigidas, a mim talvez, se assim o dizes. Mais ainda, na preocupação remota dessas palavras, procuras a redenção onde ela já não existe. E eu digo-te que sim, sim, sim, envolto naquele medo assombrado por uma rude palavra que jamais ouso dizer, porque assim me impeliste.
Conto-te agora, a ti e a mais alguém, a quem assim o desejar, deste mal estar. Infortúnio, direi, dirás, quiçá. Uma e outra vez, se assim o precisar, conto e reconto a nossa história, esta, assim o verás. Medo, talvez, anseio, talvez mais, por essa palavra, palavrinha miudinha, mesquinha, que deu azo a quem agora sou, a quem somos, não? Escondida nos cantos, recantos, deste conto que agora conto.
Conseguirás tu, quem mais senão tu, desvendar essa palavra recusada, excluída do meu vocabulário, dicionário. Intenta, ousa, usa, abusa disto que te digo. Uma e outra vez envolve e revolve, continuamente, compassadamente, como isto que te mostro, envergonhadamente. Mergulha nas frases, palavras, letras, porque admiti-lo está fora das minhas capacidades, liberdades que não sinto, limites que me prendem. Escuta-me, atenta-me, esta é a minha redenção, perdão, escondido, recolhido, mas à frente, de ti, de mim, simplesmente, sinceramente.

J.L.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Um dia

Um dia serei.
O quê? Não sei.
A lágrima que hoje sou,
a sombra.

Um dia serei.
Sim! Mas não sei.
O vazio que hoje sinto,
a saudade.

Um dia, eu sei,
sei o que serei.
A tua juventude,
o teu eu.
A mentira que hoje sou,
a máscara que uso.

Serei teu, um dia,
eu sei!

J.L.

domingo, 1 de novembro de 2009

Arte Projectada

Um espaço de divulgação, produção e formação em fotografia, vídeo e cinema.
A acompanhar pelo blogue Visões do Cinema.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

"Negócio do Diabo" no Fast Forward Film Festival



in Notícias FEUP

Estudantes da FEUP vencem festival de cinema

"Negócio do Diabo" é a curta-metragem vencedora do Prémio do Público

"O Bondoso em Série: de boas pessoas está o inferno cheio!" - este foi o mote sorteado pelo grupo de estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) para a edição do Fast Forward Portugal Film Festival 2009, que decorreu no passado fim-de-semana (dias 16 e 17 de Outubro), no Theatro do Circo, em Braga.

Os estreantes Bruno Teixeira, Hélder Magalhães, Lino Marques, João Ruivo e Manuel Azevedo, estudantes de engenharia civil, arrecadaram o Prémio do Público com a curta-metragem "Negócio do Diabo". O prémio, uma máquina de filmar Toshiba Camileo HD, foi bem recebido por todos os elementos da equipa que se destacou entre os 30 trabalhos apresentados a concurso.

O Fast Forward Portugal - Film Festival é um festival de curtas-metragens organizado pela cooperativa cultural Velha-a-Branca em que os concorrentes são convidados a realizar um filme em menos de 24 horas. O filme em formato digital deverá ter até três minutos e respeitar o tema entregue no início da prova a cada equipa. Partindo do tema, cabe às equipas escrever, filmar e editar o trabalho final até ao dia seguinte. A exibição dos filmes das várias equipas e a escolha dos vencedores será feita nessa mesma noite.

O festival Fast Forward nasceu em Chicago nos EUA e realiza-se actualmente também em Dublin (Irlanda) e em Braga. A 4ª edição do Fast Forward Portugal Film Festival contou com a inscrição de 50 equipas, embora apenas 30 tenham conseguido cumprir todos os requisitos da prova e participar no concurso.

Mais informações em http://www.fastforwardportugal.com/fastforward/

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Fast Forward '09 - Vencedores

FAST FORWARD PORTUGAL 2009
CURTAS PREMIADAS


PRÉMIO MELHOR FILME- FILME 19 - Maçã maçã
PRÉMIO DO PÚBLICO – Filme 2 - Negócio do diabo
PRÉMIO CRIATIVIDADE – Filme 8 - Asneira
MENÇÃO HONROSA – Filme 10 – O regresso dos que nunca foram
MENÇÃO HONROSA – Filme 22 - Ferramentas inúteis em movimento
MENÇÃO HONROSA – Filme 29 – Maldito mensageiro


Ceci n'est pas un film. em grande!!
:)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Estilo "tu ain uóne"

Nos próximos dias 16 e 17 de Outubro decorre em Braga o Festival "Fast Forward", cujo objectivo é a realização de uma curta-metragem em 24 horas até 3 minutos de duração e subjacente a um tema sorteado! Este ano, o júri do festival é constituído pelo realizador Tiago Guedes, Adolfo Luxúria Canibal e João Moreira.
Atentem no grupo "Ceci n'est pas un film." do qual eu faço parte!!



Além disso, a 17 de Outubro tem também início mais uma edição do "Cine'Eco", em Seia na Serra da Estrela, que se prolonga até ao dia 24. Nesta 15ª edição do Festival Internacional de Cinema de Ambiente da Serra da Estrela estarei presente como júri da juventude, tarefa que já havia experimentado e que me agradará muito voltar a repetir.


Não percam nenhum destes festivais, porque eu... também não! :)



sábado, 10 de outubro de 2009

O FEITICEIRO DE OZ





A não perder o novo musical de Filipe La Féria que estreia hoje, às 15h, no Teatro Politeama em Lisboa!
Muita m*rda para todos!!!

sábado, 3 de outubro de 2009

A Little Night Music


Pela primeira vez, o musical "A Little Night Music" vai ter a sua reposição nos palcos da Broadway!
Baseado no filme "Smiles of a Summer Night" (1955) de Ingmar Bergman, o musical de Stephen Sondheim, escrito por Hugh Wheeler, teve a sua estreia em 1973 na Broadway e em 1974 no West End.
Esta reposição, encenada por Trevor Nunn, conta com um elenco que promete fazer sucesso, com Catherine Zeta-Jones e Angela Lansbury nos principais papéis. O site oficial pode ser visto aqui, já com bilhetes à venda (para carteiras gordas).

Isn't it rich?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

CINEMA: Sacanas Sem Lei - Inglorious Basterds

Não vai há muito tempo quando torci o nariz ao saber que Quentin Tarantino preparava um novo filme, dizia-se sobre a II Guerra Mundial, apenas porque não é um tema que facilmente associemos à estética do realizador. Mas nunca melhor do que esperar para ver o resultado final - julgar as coisas pela sua aparência, um livro pela capa ou, neste caso, um filme pelo cartaz nunca dá bom resultado. A prova disso chegou às nossas salas, um grupo de Sacanas Sem Lei cujo único objectivo é limpar o mundo de tudo quanto for nazi.
Mas, para que justamente se fale aqui de Inglorious Basterds/Sacanas Sem Lei o melhor é mesmo começar pelo inicio. E o inicio dá-se em 1978 com o filme Italiano Quel Maledetto Treno Blindato de Enzo G. Castellari que recebeu a tradução em Inglês The Inglorious Bastards - note-se que Tarantino prefere escrever Basterds, com "e" e não com "a" como ortograficamente estaria correcto. Haverá, apesar de tudo, muito pouco a referir neste ponto porque uma coisa pouco ou nada tem a ver com a outra. Desenganem-se pelo título, pela II Guerra como pano de fundo e pelo grupo de Americanos destemidos comum nos dois filmes. Não há intenção alguma de refazer o filme Italiano numa versão Americana, mas também não poderei dizer que o Basterds de Tarantino não poderá ter tido origem no Bastards de Castellari - apenas uma ligeira e saudável inspiração. Quel Maledetto Treno Blindato acontece em França, no ano de 1944, quando um grupo de soldados Americanos, uns sacanas fora de lei presos por mau comportamento, escapa do acampamento por causa de um ataque aéreo Alemão. Dirigem-se para a Suiça para salvarem a própria pele, mas pelo meio são interceptados e voluntariam-se para uma missão digna de heróis - infiltrar num comboio cheio de comandantes nazis e roubar uma maquineta qualquer ponta de gama. Posto isto, as dúvidas ficam mais do que esclarecidas: qualquer semelhança é pura coincidência. Será algo desse género. Castelleri tem os Bastards e Tarantino tem os Basterds.


Ao que me tenho apercebido, Sacanas Sem Lei tem sido seriamente criticado pela promoção do filme. Fala-se em promover o filme que não é e isto fica bem presente nos cartazes promocionais. A ideia não me deixa desconcertado, mas dou o braço a torcer quanto às críticas e à promoção do filme. Quem está a par da obra de Tarantino sabe que não pode contar com o óbvio. E isso basta. Sacanas Sem Lei não é um filme de Guerra. Muito menos terá influências em Apocalypse Now (Francis Ford Coppola, 1979) ou em Full Metal Jacket/Nascido Para Matar (Stanley Kubrick, 1987) - quem não associa e compara facilmente o diálogo de Brad Pitt que se ouvia (e via) no trailer com o diálogo do Sargento Hartman do filme de Kubrick?
Sacanas Sem Lei - e digo isto com muita satisfação porque adoro! - tem influências claras em Sergio Leone. É um típico Spaghetti Western de Leone onde os cowboys são substituídos por soldados. Desde o primeiro instante que somos levados a tirar essa conclusão. O genérico, tanto o inicial como o final, e muito particularmente a Banda Sonora que os acompanha são bons indícios disso. Da mesma forma, acho curiosa a utilização de diferentes cores e fonts - tipos de letra - em diferentes fases do genérico - se não estou em erro, existem tipos de letra de outros filmes de Taratino, especialmente a de Pulp Fiction (1994) que me chamou à atenção. Além disso, há uma fabulosa cena inicial - o Capítulo I - que denuncia a vertente Western dos Sacanas. Repare-se que o filme começa com as palavras "Once Upon A Time..." (e depois complementadas com "in Nazi Occupied France"), precisamente as palavras que Sergio Leone utilizou para intitular o magnífico clássico Once Upon A Time In The West/Aconteceu no Oeste (1968) e, uma outra sua obra-prima - e um dos meus favoritos - Once Upon A Time In America/Era Uma Vez na América (1984). Além disso, o filme abre com uma cena que em muito remete para o inicio de Il Buono, il Brutto, il Cattivo/O Bom, o Mau e o Vilão (1966), também de Sergio Leone: um forasteiro - um coronel alemão - chega inesperadamente a uma região calma e desértica onde vive uma família, pede para falar a sós com chefe da família, o ambiente pesado, extremamente ponderado, os diálogos pausados e cada linha é proferida com desprezo e intimidação. A acompanhar as primeiras imagens do filme ficaram também as primeiras notas de Für Elise (de Beethoven) numa versão excelentemente westernizada.

E assim começamos, no ano de 1941, numa França ocupada pelas tropas nazis. Na pequena e desértica aldeia um produtor de leite é ameaçado pelo Coronel Hans Landa (interpretado por Christoph Waltz - vencedor em Cannes do Prémio de Melhor Actor neste papel) para denunciar o paradeiro de uma famíla Judia desaparecida daquele local. Mas o Coronel sabe-a bem, apelidado entre os seus de "Caçador de Judeus", um verdadeiro sacana nazi, dir-se-à, não há um que lhe escape, excepto a jovem e bela Shosanna Dreyfus (igualmente bem interpretado por Mélanie Laurent). Daqui somos levados para 1944, onde nos são introduzidos os verdadeiros Sacanas Sem Lei, liderados pelo Tenente Aldo Raine (Brad Pitt num dos melhores papéis que tem feito ultimamente), um grupo de Americanos sedentos por sangue nazi, espalham o medo por todo o território, recolhendo selvaticamente os escalpes dos soldados e oficiais alemães - não se fazem prisioneiros!
Três anos tinham passado e Shosanna reaparece em Paris, dona de um Cinema deixado pelos tios com sessões dedicadas ao cinema alemão da II Guerra Mundial. É interceptada por um jovem soldado, Fredrik Zoller (interpretado por um dos melhores jovens actores da actualidade, Daniel Brühl), cinéfilo e aficionado pelo cinema de G. W. Pabst que procura quase desesperadamente por um diálogo com a jovem e misteriosa rapariga. E então entramos numa história com duas vertentes cujo fim é o mesmo: eliminar nazis. Por um lado, os Sacanas trabalham afincadamente para levar à letra as palavras do Tenente Aldo e tecem uma emboscada para acabar com os oficiais de Hitler. Por outro lado, Shosanna, sob disfarce, e tendo em vista uma estreia Alemã do novo filme de Joseph Goebbels sobre o feito histórico de Fredrik Zoller - interpretado pelo próprio - de matar centenas de Judeus em escassos dois dias, procura um plano de vingança regozijando-se pela presença de tantos oficiais Alemães, incluindo o próprio Führer, numa sala que lhe pertence. E mais não digo porque o que conta é cada um dos bons momentos com que somos presenteados!
Fique-se ainda a saber que a estética a que Tarantino nos habituou continua marcada nesta sua grande obra, como de resto era bastante previsível. Fala-se dos planos apertados iguais aos de Sergio Leone - exímia fotografia de Robert Richardson -, da violência quase gratuita, do argumento ponderadíssimo repleto de frases chave e a Banda Sonora escolhida a dedo, muito ao estilo de Kill Bill (2003/2004), mas sempre com o gostozinho a Western Italiano. Se vale a pena? Claro que vale a pena, claro que é bom! É um Tarantino e um Tarantino nunca nos desilude.


Justify Full

sábado, 29 de agosto de 2009

"O Feiticeiro de Oz" em versão negra

Não sei se me parece muito razoável, mas pelos vistos é mesmo verdade. Segundo o Guardian, a Warner Bros. está a preparar uma versão "dark side" do clássico musical "O Feiticeiro de Oz" de Victor Flemming, no qual a personagem principal - provavelmente interpretada por Dakota Fanning - será uma heroína ao estilo de Ellen Ripley da saga "Alien".

Como se não bastasse, o remake terá a acção transposta para a actualidade, implicando que Dakota Fanning será a neta da Dorothy, originalmente interpretada por Judy Garland em 1939.

"You've still got Dorothy trapped in an odd place," explica o co-produtor Todd McFarlane. "But she's much closer to the Ripley character from Alien, than a helpless singing girl."

Vamos esperar para ver no que dá...

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Atenção, atenção!!

AUDIÇÕES PARA BAILARINOS
NO TEATRO POLITEAMA




















O Teatro Politeama está a realizar audições para Bailarinos para participarem nos seus musicais. A próxima audição é já na quarta-feira dia 2 de Setembro às 14 horas. É necessário levar roupa de Ensaio.
Para informações e inscrição os Bailarinos podem contactar o Teatro Politeama através do número
21 343 05 33


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Novidades da Blogosfera...

Há mais dois blogues para irmos acompanhando a par e passo cada actualização.

Um deles aposta nas novidades da reconstrução do velho Cinema Olympia para o novo Teatro Olympia, anexado ao Teatro Politeama, uma iniciativa de Filipe La Féria. Além de Teatro, a reconstrução do Olympia também traz em vista a Escola de Artes e Espectáculo que abrirá no andar superior do edifício. As novidades já são muitas e todas para acompanhar no blogue http://olimpiateatro.blogspot.com

A marcar presença na blogosfera, chega-nos Totó, o cãozinho da Dorothy, estrela do próximo espectáculo de Filipe La Féria a estrear no Teatro Politeama, "O Feiticeiro de Oz". Os ensaios já começaram e o Totó já está online para nos contar todas as novidades! A não perder no blogue http://ofeiticeirodeoz.blogspot.com

domingo, 9 de agosto de 2009

CINEMA: James Gray com "Dois Amantes"


Ultimamente tem aparecido em algumas revistas e jornais alguns destaques e entrevistas a um novo realizador a propósito do seu último filme acabado de estrear nas salas de cinema portuguesas. Fala-se de James Gray e de "Two Lovers" - "Dois Amantes" - um saudável romance de teor dramático que em muito boa hora invade os nossos ecrãs ou não estaríamos nós a precisar de desenjoar de tanto blockbuster que por aí anda - ou não seria Verão, para que isso mesmo acontecesse. Mas, para não enveredar por esse caminho que, muito provavelmente, me levaria a referir o quão esmagados saem estes filmes quando estreados em simultâneo com obras medíocres como Harry Potter e o Príncipe Misterioso - um filme desinteressante, já sem graça, que não é mais que um desenrolar de acontecimentos sem ligação entre si, muito repetitivo e, pior de tudo, não faz justiça ao livro - ou outros filmes que só fazem sentido se estreados em televisão (telefilmes, portanto) como Hannah Montana: The Movie - que nada traz de novo à arte a não ser (muito) dinheiro para as produtoras e afins - o melhor é mesmo prosseguir ao que realmente aqui é preciso deixar bem claro.
James Gray nasceu em Nova Iorque (1969) e por lá se enquadram os seus filmes, ainda não muitos, mas certamente promissores. Ficou conhecido com o seu terceiro filme, "Nós Controlamos a Noite" ("We Own The Night" (2007)) em competição no Festival de Cannes que, além deste "Dois Amantes", foi o único a que assisti. Creio que não estejamos perante um autor ao nível de Paul Thomas Anderson ou mesmo Quentin Tarantino - repare-se que são todos da mesma geração - mas há que presentear, especialmente por este último filme, o trabalho que James Gray tem vindo a desenvolver como argumentista e realizador.
Ao que me tem vindo a parecer, Gray tem um particular cuidado com a música que se ouve ao longo do filme, não especificamente a Banda Sonora, mas principalmente aquela que interage directamente com a cena e com os actores. Quentin Tarantino também o faz, mas de uma forma ainda melhor que James Gray. Por um lado, Tarantino dirige uma cena que se destina a uma música; por outro lado, Gray escolhe uma música que se adequa - pelos instrumentos e pela voz - à cena que dirigiu. São formas de criação opostas mas ambas funcionam à sua maneira, se bem que eu me identifico mais com a cena a ser dirigida para uma música. Um excelente exemplo disso acontece precisamente em "Dois Amantes", onde James Gray, segundo li numa dessas entrevistas, precisava de uma música para uma cena num restaurante à beira-mar. Disse que um dia estava em Nova Iorque, num restaurante, e de repente ouve, em música ambiente, uma voz e umas guitarras que lhe chamam a atenção. Cantava a Amália Rodrigues o fado "Estranha Forma de Vida". Um feliz acaso que levou de imediato à escolha desse grande Fado para a cena no restaurante à beira-mar. O que diria desta cena - e esta é provavelmente a única crítica que faço - é que só seria melhor se James Gray conseguisse perceber o que é o Fado (o próprio disse que até então desconhecia este género musical), se percebesse o significado da palavra saudade e se soubesse/percebesse a nossa identidade como lusitanos. Aí sim, teríamos uma deslumbrante cena ao som de Amália. Acontece que, muito simplesmente, o fado quase passa despercebido aos ouvidos de muitos portugueses, sem sombra de dúvida. Não é mais do que uma mera música ambiente, bem lá ao fundo, espreitando de quando em vez uma reconfortante voz que grita "que estranha forma de vida"... A cena não tem o ritmo exigido pelo Fado, não tem a densidade da alma lusitana, mas no entanto acaba por funcionar razoavelmente bem em termos musicais. Temo que o desaproveitamento de um Fado com tanto sentido fique perdido pela cena à beira-mar e, sendo assim, não deixa de ser mais do que um mero preciosismo de enquadramento musical - mas bem sei que essa não era a intenção do realizador. O que mais haverá a referenciar, compete a cada um.
"Dois Amantes" retrata uma paixão e as muitas acrobacias que a envolvem, mas desde cedo que põe de parte a ideia de comédia romântica. É um drama e nada mais que isso. Parte de uma acção excessivamente real e com a qual muitos se identificam: desesperado da vida, sem perspectivas futuras e depois de um casamento muito dolorosamente acabado, Leonard Kraditor (Joaquin Phoenix), é apresentado a Sandra Cohen (Vanessa Shaw) uma jovem rapariga, apaixonada secretamente por Leonard e filha de um magnata das lavandarias nova-iorquinas, um negócio já partilhado pelo pai de Leonard. Um futuro entre os dois seria brilhante. Ela ama-o incondicionalmente e as empresas das famílas acabariam por se fundir, criando uma cadeia de lavandarias espalhadas por toda a idade de Nova Iorque. Os interesses começam a sobrepor-se aos sentimentos. Mas, tudo seria mais fácil se, num acaso (feliz), Leonard não travasse conhecimento com a sua vizinha Michellle (Gwyneth Paltrow), uma jovem e bela rapariga que alimenta uma preocupante relação com um homem casado. Ao aperceber-se das fragilidades da relação de Michelle, Lenoard não tarda com a sua investida para a conquistar, não querendo simultâneamente desfazer-se do amor que Sandra nutre por ele. E assim é "Dois Amantes", que na verdade são três, um quase inevitável triângulo amoroso onde Leonard se encontra bem no centro da acção. Só a ele cabe a decisão. Optar pelo que o coração sente ou pelo que é melhor para todos. E quanto a nós, cabe-nos esperar e deixarmo-nos envolver por uma bela história, bem filmada, bem dirigida, bem interpretada e de uma verdade profunda.

Excertos...

- Não posso dar pormenores, mas teve a ver com qualquer coisa nos olhos dele.
- Ah sim, você é muito sensível com os olhos... como o seu pai.
- Ele também? Não me lembro disso.
- Suponho que seja bastante natural para um artista preocupar-se com os olhos; mas nos últimos dez anos de vida, o seu pai tornou-se obcecado... sim, é a palavra: obcecado com a cegueira.
- Com a ideia dela?
- Não, não, com ficar cego. Estava certo de que lhe iria acontecer.
- Não sabia.
- O meu pai tentou meter-se com ele para lhe tirar a ideia e disse-lhe que, se não tivesse cuidado, arranjava uma cegueira histérica. Francisco ficou aterrorizado com a ideia - disse o Dr. Fernando. - Mas... Javier... estamos aqui para falar de si. Para mim, está a sofrer sintomas clássicos de stress.

(...)

- Todos sofremos - disse o Dr. Fernando. - Os espanhóis, e não apenas os sevilhanos, ultrapassam os problemas através de... la fiesta. Falamos, cantamos, dançamos, bebemos, rimos e fazemos a festa noite após noite. É a nossa maneira de lidar com a dor. Os nossos vizinhos, os portugueses, são muito diferentes.
- O seu estado natural é estarem deprimidos - comentou Falcón. - Cederam à condição humana.
- Não acho. São melancólicos por natureza, como os nossos galegos. Afinal de contas, têm de se confrontar quotidianamente com o Atlântico. Mas são muito sensuais também. É um país que cometeria suicídio se acabassem com o almoço. Adoram comer e beber e gozam a beleza das coisas.

(...)

in O Cego de Sevilha, de Robert Wilson
Publicações Dom Quixote

Dorian Gray

A partir da obra-prima de Oscar Wilde, "O Retrato de Dorian Gray", e após inúmeras adaptações cinematográficas e televisivas, chega em Setembro deste ano, dia 9, a nova adaptação do extraordinário romance, desta vez pelo olhar do realizador britânico Oliver Parker.
O trailer já anda cá fora:

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Eis aqui um excerto de uma mensagem de apreço que me enviaram há uns dias atrás pelo youtube.
O comentário, feito ao meu trabalho, foi particularmente comovente ou não teria "caído do céu", assim sem mais nem menos...
Bem sei que isto é, muito provavelmente, mais fogo de vista do que outra coisa qualquer, mas não deixo de ficar contente com o apreço e afecto demonstrado.

The Human Being Love, The True Love!
The True Human Being Wisdom!
The Human Being Intellect is far beyond human death and life!
Only the True Love and True Wisdom on CREATION LAWS are...
Our True and Unique Treasures in our Life, material lives!
Only when Earth man discovers by him or her self about
The great and wonderful true truth of
THE REALITY OF A TRUE HUMAN BEING on UNIVERSE...
Only then the LIFE, his or her life will change, will begin for better,
Through an amazing and astonishing path and great evolution way for
Every single man and woman on this primitive, naive and innocent
human mass on our beautiful and lovely mother EARTH!
(...)
Thank you so much for posting and sharing with us this your amazing and great Art-Musical work from this beautiful song and people performance.
This is awesome.
(...)
You are very welcome to me, to my life on Creation Laws.
You do not need to thank me.
The entire contrary, all of us, which we have enjoyed your beautiful video.
We have to thank you for your generosity in sharing such a wonderful
Presentation. An awesome visual and musical art-creation.
I can only tell you that your video has inspired me to
Write the commentary that you have remarked.
Every wonderful moment of Creation,
Every moment of true Inspiration,
In a particular human circumstance or situation,
It is unique.
It is a true moment of love and wisdom.
And you, as a true and sensitive human being,
You have recognized my words of wisdom,
At your wonderful INNER TRUE BEING,
YOUR MARVELOUS AND POWERFUL HUMAN CONSCIENCE.
Warmest greetings from your friend,

Javier V. Maldonado
Alliance for Responsible Humankind on Earth & Universes
The Prometheus Project on Creation Laws!

domingo, 26 de julho de 2009

Feira Medieval 2009

Vídeo de apresentação da Feira Medieval de V. N. Famalicão que decorreu no passado mês de Maio. A organização coube, como já é usual, à Escola Profissional CIOR e à Câmara Municipal de V. N. Famalicão. A documentação do evento ficou a cargo da Cláudia Sinto e da Beatriz Andrade. A montagem do vídeo é minha:

sábado, 18 de julho de 2009

CINEMA: "The Girlfriend Experience" e as Experiências de Soderbergh


Finalmente tenho aqui um excelente motivo para expor um pouco acerca de Steven Soderbergh e das suas experiências cinematográficas quase desconhecidas do grande público, curiosamente bem recebidas pela crítica e muito mal recebidas pelo público em geral - já por várias vezes li comentários de pessoas que consideravam os filmes experimentais de Soderbergh como os piores alguma vez feitos em toda a história do Cinema. Cada um terá as suas opiniões, mas não se deixem levar por estes insensatos comentários que, muito provavelmente, são proferidos por quem se dedica ao cinema meramente comercial - nada tenho contra isso, mas é radical dizer-se tão mal dos filmes experimentais do Soderbergh. Antes de tudo, o Cinema é uma experiência, ou um conjunto de experiências, se assim o preferirem. Tal como um pintor experimenta cores, tintas e materiais diversos numa tela, o realizador também gosta de experimentar técnicas, estilos e situações cénicas num filme (eu costumo usar bastante o exemplo do artista plástico porque, ao ter estudado Pintura, torna-se muito mais fácil de exemplificar a situação do realizador por analogias, ainda que possam não ser as mais indicadas).
Pois bem, Steven Soderbergh é um autor, no verdadeiro sentido da palavra, Americano oriundo de Georgia, Atlanta. É realizador de Cinema - área onde mais de destaca -, Director de Fotografia (quase sempre sob o pseudónimo de Peter Andrews), Argumentista (por vezes sob o pseudónimo de Sam Lowry), Editor (usualmente sob o pseudónimo de Mary Ann Bernard) e também já deu uma mãozinha na representação (além de trabalhos menores como Compositor e demais trabalhos em departamentos de som e eléctricos de estúdio).

Cedo se notabilizou com os primeiros filmes que realizou, desde "Sexo, Mentiras e Vídeo" (1989), passando por "Kafka" (1991) até "Erin Brockovich" (2000). Soderbergh sempre deu provas suficientes do bom trabalho que faz, especialmente com este último onde vemos uma belíssima Julia Roberts num dos melhores e mais bem interpretados papéis da sua carreira, não descorando filmes que entretanto surgiram e que, da mesma forma, contribuíram para a afirmação de Soderbergh, entre eles "Gray's Anatomy" (1996) e "Schizopolis" (1996).
Até à data, Soderbergh sempre tem trabalhado em conjunto com grandes estúdios e confunde-se muito com banais realizadores de Hollywood ao trazer-nos filmes virados para grandes massas de público, mas impingindo muito subtilmente - seja na realização, na cinematografia ou na edição - pequenos excessos da sua personalidade que o distinguem de entre os medíocres. São exemplos disso "Traffic" (2000), "Ocean's Eleven" (2001), "Solaris" (2002), "Ocean's Twelve" (2004) e "Ocean's Thirteen" (2007).
Contudo, tal como um pintor que experimenta dezenas de vezes até atingir um produto final desejado, Soderbergh também vai exercendo e exercitando a sua destreza, brindando-nos com uma série de pequenos filmes - pequenos em termos de produção e de financiamento - que me dão muito gozo assistir. Especialmente vou referir aqui 3 desses filmes - creio que também não haverá mais nenhum, se houver não vi e desconheço - que muito dizem sobre o verdadeiro Soderbergh. Mas acaba por ser muito mais do que isso. Dar vida a estes filmes é o culminar da expressividade de um autor enquanto contador de histórias - o Cinema serve para isso mesmo. Desprezando o supérfluo e cingindo-se ao estritamente necessário, Soderbergh confronta-nos com uma situação insólita, ou um conjunto de situações e/ou acontecimentos que, numa situação normal, muito provavelmente não aconteceriam e explora-a e desenvolve-a o mais que possa, não querendo levá-la (ou manipulá-la) a encaminhar-se para uma via que possa parecer mais ficcional. É óbvio que tudo isto não passa de uma ficção, mas o conceito é a experimentação através da casualidade, muito realista e nada novelista. No fundo, o efeito acaba por ser o mesmo que uma situação real ainda que não se trate disso, é apenas uma suposição de uma acção quase no limite da absurdez e que em muito transcende o insólito.

O primeiro filme que encontramos sob esta perspectiva (Soderberghiana, dir-se-á) foi "Full Frontal" - "Vidas a Nú" (2002). Por enquanto, este foi o único filme experimental de Soderbergh a chegar às salas de Cinema Portuguesas. Às tantas, a experiência (de o estrear em Portugal) correu tão mal que se deixaram de fazer mais isso - é uma plausível explicação. Curiosamente, a primeira vez que vi o filme foi através da RTP que, vá lá saber-se porquê, passaram o filme numa bela noite de Verão há 4 ou 5 anos atrás. Mais tarde, encontro o filme à venda em DVD num dos nossos hipermercados e foi assim que o consegui rever - entretanto já o revi outra vez para escrever este pequeno parágrafo - já que as epifanias da televisão portuguesa são de muito pouca dura - já houve tempos muito melhores, já...
"Full Frontal - Vidas a Nú" é extraordinariamente bem feito. A acção passa-se em Hollywood, num grande estúdio de Cinema onde um grupo de actores se prepara para a gravação do filme Rendez-vous. No meio de tudo isto, o Realizador/Produtor Executivo - o manda-chuva de toda a operação cinematográfica - faz anos e convida toda a equipa de produção (e afins) para uma valente festa, mas até aí chegarmos muito se vai passar.
O que aqui vemos é um retrato da vida que muitos sonham em ter. A fama e o glamour que tantos consegue atrair para o meio artístico são aqui explorados através de uma visão quase documental da vida de um actor, argumentista, produtor, realizador, etc., etc.: a câmara acompanha-os nas suas conversas, nas suas discussões, nos gastos exorbitantes, nas festas, nas gravações e em tudo quanto mais é possível. E, quando menos se espera, insere-se uma situação imprevista e invulgar capaz de abalar a vida daquela gente tão soberana e senhora de si mesma. O objectivo é somente o da exploração das reacções de cada uma dessas pessoas - envolvidas na produção do filme - perante uma situação estranha naquele mundo quase intocável, imbatível e muito restrito.
Até que ponto esta situação pode influenciar a continuação da produção do filme, o trabalho dos actores e da equipa técnica?
Como é que cada um dos elementos se vai sentir e reagir com a situação com que se depara?
De que forma é que as relações entre as personagens vão ficar afectadas?
É este tipo de questões que Soderbergh pretende explorar - e não necessariamente respondê-las -, sem ambições maiores, apenas e quase exclusivamente pelo puro divertimento que a situação proporciona. Toda a acção está muito bem encadeada, mesclando o documentarismo ficcional com a ficção propriamente dita. Por um lado há actores que interagem nos intervalos das gravações do filme, idas aos cafés, bares e lojas através de filmagens quase amadoras e, por outro lado, há o trabalho de actores dos actores, o filme dentro do filme onde encontramos a verdadeira ficção no meio de tudo isto. Pelo caminho ainda descobrimos actores no papel de si próprios e a interligação entre as cenas é tão boa que ficamos perdidos entre a ficção e a realidade (ficcionada). Note-se que, mais tarde, Soderbergh aplica este excelente conceito dos actores no papel de si mesmos, indo até mais além com a fantástica cena da Julia Roberts em "Ocean's Twelve": Julia Roberts interpreta Tess que se vai fazer passar por Julia Roberts (grávida dos gémeos, repare-se) para o plano do grande assalto aos Ovos Fabérgé. Também David Lynch consegue muito bem fazer algo semelhante na mistura entre a realidade e a ficção - ainda que nada tenha a ver com este filme em si - no filme "Inland Empire" (2006), mas isso já não é novidade nenhuma. David Lynch é extraordinariamente bom em tudo o que faz!
Mas, voltando ao assunto, e feitas as contas, esta primeira experiência de Soderbergh sai vencedora em todos os aspectos. Faz suposições, coloca questões, faz-nos pensar, tem tanto de concreto como de vago, mas tudo se vai processando, a um ritmo lento, claro está, e nós lá nos deixamos levar pela corrente envolvendo-nos num mundo tão frágil quanto não aparenta ser.

O segundo filme que aqui também gostava de referir é "Bubble" (2005). É um desgosto enorme não termos tido este filme nas nossas salas e ainda é um desgosto maior não o encontrarmos disponível no mercado de DVD nacional - pelo menos eu não encontrei. Mas também é difícil de o encontrarmos à venda em qualquer loja lá fora. Para quem se interessar, aconselho a procurar no Amazon porque foi lá que o encontrei.
Mas, avançando, este filme é, de facto, extraordinário, superou largamente as minhas expectativas e, curiosamente, este é o filme que tem suscitado os comentários mais díspares por parte de quem o visiona: uns chamam-lhe obra-prima e outros chamam-lhe de o pior filme de sempre! Para mim, não é nem um nem outro, mas é uma excelente obra que merece a nossa atenção por tudo quanto é abordado em termos psicológicos e do que é humanamente possível de acontecer ao virar de cada esquina.
É precisamente onde se passa a acção deste filme, numa qualquer esquina esquecida da América, uma pequena cidade de indústrias que agora está a desertar e apenas a população mais persistente insiste em conservar um passado que há muito já se perdeu. Todo o conceito abordado puxa para o tradicionalismo, para o conservadorismo, para o que acontece muito nos subúrbios Americanos, todas as casas com a mesma forma e feitio, os mesmos jardins arranjados, e as pessoas, apesar de diferentes, sofrem para pensar da mesma forma, para terem as mesmas opiniões que os vizinhos, estagnados de emoções como se fossem produzidos em série, uns a seguir aos outros...
Este é o conceito mais presente ao longo do filme, curiosamente onde os personagens trabalham numa velha fábrica de bonecos, produzidos em série, sem emoções, uns atrás dos outros. A vida está tão cingida e meticulosamente comparada a uma indústria e aos seus produtos. Todo o filme funciona assim como uma crítica a este tipo de pessoas tão fracas de opinião e insossas que olham de lado sempre que alguém procurar superar esta repressão.
Mais concretamente, o filme segue Martha, a personagem central, tão bem educada, trabalhadora - na fábrica de bonecos - uma simpatia de senhora que sabe muito bem o que quer e que está sempre lá para ajudar quem precisa. Todos vêm Martha como uma amiga, até o inesperado acontecer - Soderbergh é muito dado a este género de situações insólitas que nos caem no filme como uma bomba. Uma vez mais, qual será a reacção que os colegas de Martha vão ter em relação ao sucedido? Será que vão continuar a ver Martha da mesma forma? Compreenderão eles o que se passou? Há todo um conjunto de questões que é necessário explorar com a situação criada e somos sempre levados a tomar essas questões e a tirarmos conclusões por nós próprios. Claro que a mesquinhice fica sempre por cima, mas seria necessário levar o caso àquele extremo?
O meu colega e amigo Matt Mascaro - conhecemo-nos porque eles fez um filme a partir de um poema, tal como eu, e desde então temos vindo a partilhar algumas experiências - é um fã incondicional do "Bubble" e das experiências de Soderbergh. Ele nasceu em Nova Iorque, mas actualmente trabalha em Los Angeles como artista conceptual na área cinematográfica - tem instalações de vídeo bastante interessantes. Teve então a oportunidade de entrevistar a estrela de "Bubble", a actriz Debbie Doebereiner, uma completa anónima oriunda de Ohio, que Steven Soderbergh descobriu e contratou especialmente para fazer o papel de Martha, à semelhança dos outros papéis que vemos no filme - os actores são totalmente amadores. A entrevsita está disponível aqui, mas aconselho a ver o filme primeiro ou ficarão a saber mais do que o necessário... Tal como disse ao Matt Mascaro, Soderbergh explora neste filme o comportamento humano e a complexidade da mente (entre outros), i.e., no fundo, todos pensamos como a Martha e também todos temos as mesmas raízes e somos todos iguais uns aos outros tal como os bonecos que os personagens estão meticulosamente a produzir. Vejam a entrevista, mini-documentário:


Por último, resta-me fazer uma pequena referência à última experiência de Soderbergh, estreada há muito pouco tempo, "The Girlfriend Experience" (2009) - uma vez mais procurem no Amazon se estiverem interessados porque por cá não o encontram. Na verdade este foi o filme que me levou a escrever todo este texto ainda que, inicialmente, não previa que se tornasse assim tão extenso... Foi um mote suficiente para me fazer rever a obra do realizador e que é, sem dúvida alguma, exemplar. Note-se que no meio de grandes produções hollywoodescas, Soderbergh consegue, por um lado, impingir o autor que é em pequenos aspectos dessas grandes produções e depois surge em grande, com o que verdadeiramente sente necessidade de fazer, e traz-nos assim o seu cinema, as suas tão peculiares experiências.
"The Girlfriend Experience" não traz muitas diferenças a nível estilístico. Continua a ser o seu típico filme retraído, contido e de ritmo lento - não é necessariamente um ritmo imposto, mas é um ritmo que segue a acção, as emoções e dá-nos tempo para assimilarmos e analisarmos com o pormenor que é exigido - que prima por uma situação insólita num contexto já de si fora do comum.
Se bem repararmos, este filme começa a ser uma experiência logo a partir do título: "A Experiência da Namorada". E não é mais do que isso, se quisermos simplificar a situação; não é mais do que uma experiência que Soderbergh procura levar a cabo tendo por base a figura da "namorada", ou seja, tendo em conta uma relação pré-estabelecida e, a partir daí, dá-lhe uma desenvoltura capaz de nos fazer reflectir nos valores da confiança e até que ponto podemos mexer com ela, fazer uso e abusar dela (da confiança). Também há um óptimo exemplo cinematográfico que tem em conta o valor da confiança numa relação, "Indecent Proposal" (1993) de Adrian Lyne. Mas este filme vai um pouco mais além e acaba até por estabelecer outras circunstâncias que levarão a estabelecer outros valores além da confiança num relacionamento.
Começamos então com a famosíssima actriz que intrepreta o papel principal, o da namorada, Sasha Grey, uma actriz de filmes pornográficos que, com apenas 21 anos, conta com mais de 160 filmes no curriculum... No filme, Sashga Grey é Chelsea, uma Call Girl de luxo - diamos que é um papel bem mais soft do que aqueles que costuma interpretar. Não sei se compreendo muito bem o porquê de Soderbergh ter escolhido uma actriz desta envergadura, mas acho muito curioso esta escolha tão peculiar - Sasha Grey não fez outro género de filmes na vida, é uma virgem nas produções cinematográficas de Hollywood, para não falar de cinema de autor. Chelsea é uma personagem bastante interessante pelo simples facto de ser uma prostituta de luxo que mantém uma relação com um Personal Trainer aberta e sem tabus. É mesmo verdade. A prostituição é vista da forma mais razoável possível, nada de extraordinário, tal como um emprego normalíssimo, com todas as ambições inerentes. Chelsea não quer perder os seus clientes e por isso aceita uma proposta vinda de um crítico da prostituição. Ela passa uma noite com ele em troca de uma boa crítica que a fará subir no ranking e, quiçá, aumentar preços e clientes. Mas no meio disto tudo, há um cliente que faz despertar a atenção de Chelsea, não se sabe bem porquê, mas é o suficiente para a fazer acreditar que a esta relação devesse evoluir para algo mais. E em que lugar fica Chris (o namorado Personal Trainer)? Até porque Chris também tem um emprego a manter, também tem as suas ambições e até pondera em mudar-se para um ginásio maior e mais influente, da mesma forma que Chelsea aceita a proposta do crítico para manter a sua posição na profissão. Tal como ela, Chris também luta para manter viva a relação de ambos não obstante todas as adversidades. Penso que por aqui já é bem possível ter uma ideia básica dos aspectos focados ao longo do filme. Como sempre, há um conjunto de questões fulcrais que vão surgindo e vão obtendo - ou não - as devidas respostas. Há esta exploração tão intrínsica de valores humanos e que é muito capaz de nos fazer mudar de ideias em relação a certos aspectos - por exemplo, na maneira de vermos o trabalho de uma Call Girl, fingido e muitas vezes frio para não cair (mais) na tentação ou não houvesse uma relação onde a confiança sobrepõe-se, supostamente, acima de todos os aspectos.
É nestas pequenas sngularidades que vemos o trabalho de Soderbergh da melhor forma; é extraordinário como, a partir de uma situação, somos levados a aceitar uma condição que tem tudo para ser real - diria até um microcosmos porque é muito possível que coisas destas aconteçam por este mundo fora - e assim vai explorando a acção, experimentando as reacções e conseguimos com isso assistir a casos (de vida, talvez) inimagináveis mas tão reais como eu estar neste momento a dar um ponto final a este texto.


terça-feira, 14 de julho de 2009

PIAF no Teatro Politeama


O Espectáculo "Piaf" de Filipe La Féria estreia no próximo dia 16 de Julho (Quinta-feira) no Teatro Politeama.
Depois do sucesso alcançado no Porto, no Teatro Rivoli, "Piaf" é mais um grande espectáculo que garantidamente será bem recebido em Lisboa após "West Side Story" que terminou no final do mês passado.


"Piaf", o novo musical de Filipe La Féria a não perder no Teatro Politeama.




Mais informação no blogue do musical Piaf aqui ou pelo endereço http://www.piaf-omusical.blogspot.com/

sábado, 11 de julho de 2009

ARTE DIGITAL

Decidi voltar, por momentos, ao desenho e à pintura.
As telas e os pincéis já cá estão.
Mas, por enquanto, cá vão alguns desenhos digitais.
Criações em touchpad.

A Musicalidade Feminina da Era Digital
de Helder Magalhães












domingo, 5 de julho de 2009

Chuck Palahniuk diz e eu subscrevo:

Só quando tivermos devorado este planeta é que Deus nos dará outro. Vamos ser mais recordados por aquilo que destruímos do que por aquilo que criamos.

Nada de mim é original. Sou o esforço combinado de toda a gente que conheci.


A pessoa que amas e a pessoa que te ama nunca são a mesma pessoa.





in
"Monstros Invisíveis"

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Prémio Lemniscata


É com muito agrado e satisfação que recebo o "Prémio Lemniscata", através do blogue http://www.detesto-sopa.blogspot.com/

“O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores."

Resta-me agradecer a atribuição deste Prémio ao meu blogue e, pelas regras, atribuo o Prémio aos seguintes 7 blogues:

Lauro António Apresenta...
Casa de Osso
Sound+Vision

13 billion lightyears...

Dona da Asa

Barulho Esquisito

Guia dos Teatros


quinta-feira, 25 de junho de 2009

Trabalho!


Muito!

Vem sempre todo de uma vez.
Quando menos esperamos.
Com prazos.
E fazemos de tudo para tomar conta do recado.
Ou, pelo menos, tentamos.
...



p.s. mas está a correr bem!

domingo, 21 de junho de 2009

Judy Collins, a Guitarra e o Piano

Judy Collins e Russel Walden

Na sua 3a visita a Portugal, Judy Collins actuou brilhantemente na Casa das Artes de Famalicão ao lado do Pianista Russel Walden, numa noite memorável e repleta de histórias.
A cantora de 70 anos, entre a voz, o piano e a guitarra, apresentou um breve resumo do seu repertório, brindando o público ainda com Suzanne (escrita pela própria para o Leonard Cohen - um figura muito presente nas histórias que contava), Somewhere Over The Rainbow, eternizada pela Judy Garland no ano de nascimento de Judy Collins (1939) e, uma das minhas favoritas, Send In The Clowns, composta por Stephen Sondheim para o Musical A Little Night Music, enchendo a sala de aplausos e bravos, numa ovação de vários minutos!
Tal como a própria referiu, esperemos que esta não tenha sido a sua última vez em Portugal...

Judy Collins - Send In The Clowns