quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Para um iminente 2011:

Como medir um ano?

Foi provavelmente a pergunta mais frequente de Jonathan Larson, quando escreveu o musical Rent, no início da década de 90. Dizia ele:

São 525 mil e 600 minutos,
525 mil e 600 momentos tão queridos,
525 mil e 600 minutos.
Como consegues tu medir um ano?

Em amanheceres, em pores-do-sol, em meias-noites,
em chávenas de café, em polegadas, em milhas,
em sorrisos e discussões.

São 525 mil e 600 minutos.
Como consegues medir um ano na tua vida?

As possibilidades de resposta são infindáveis, porque, embora não o pareça, um ano é tempo suficiente para que muito possa acontecer e mudar, e definir (ou medir) um ano que seja na vida de uma pessoa é uma tarefa bem mais difícil do que se possa pensar.

Poucos o sabem, mas este 2010 não foi propriamente um bom ano para mim; pelo menos não terá correspondido às minhas mais baixas expectativas - digo-o essencialmente a nível pessoal. Nem tudo foi mau, adivinha-se isso, mas acho que perdi mais do que aquilo que ganhei. Há até quem diga que mudei... Cá para mim, sei que sempre fui o mesmo, sem nunca abandonar as minhas convicções, mas se de facto mudei, então espero que tenha sido para melhor: talvez precise disso, agora mais do que nunca.

Mas e então? Como medir um ano? Pondero todas as decepções que tive? (e acreditem que foram muitas) Balanço-as com as novas amizades que ficam para a vida? Desiquilibro-as com tudo o que era suposto dar certo e que, contra todas as probabilidades, acabou por dar errado?...

A letra continua, no seu original:

How about love?
Measure in love.
Seasons of love.

Mas será uma palavra suficiente para definir um ano de uma vida? (ou a minha em particular?)

Pareceu-me mais do que apropriado recordar Rent para a mensagem de Ano Novo, dadas as circunstâncias... Poderia, eventualmente, ter-me referido ou baseado em Stephen Sondheim e, mais particularmente, na canção Send In The Clowns como fiz o ano passado, porque também este ano me tiveram particular e estimada importância. E, embora noutros aspectos, também poderia ter recordado Orson Welles e o seu clássico Citizen Kane. Mas optei por Rent, assim sem contar, espontaneamente, impulsivamente... O subconsciente tem sempre as suas razões e pouco ou nada posso fazer para o contrariar.

Por isso, com a maior das simplicidades, escrevo os votos e os desejos a um novo ano que agora vai começar: que as lágrimas de 2010 passem a sorrisos de 2011.
Mais do que isso, é exagerar nos pedidos.

Agora é tempo de cantar,
embora a história nunca acabe.
Vamos celebrar e relembrar um ano
na Vida de amigos.


Tenham um FELIZ ANO 2011!



p.s. O musical Rent estreou na Broadway a 29 de Abril de 1996 e por lá ficou durante 12 anos consecutivos. Jonathan Larson faleceu a 25 de Janeiro de 1996, aos 35 anos de idade, e nunca viu a sua obra-prima.


domingo, 26 de dezembro de 2010

CHER's monologues...

#1
[Dressing her serious outfit]

(...)

- And what's an outfit without a wip?

- So, what did you think of my entrance?

- Yes, it was very fabulous, wasn't it? That actually has worked great in every place, but Cleveland. And... in Cleveland, the chandelier came down and I was hanging up there like some sort of a... transvesti piñata. It was very sad... and a little scary. But, you know, I don't care 'cause I wanted to make this show really fabulous. And I wanted it to be really fabulous because it's the last time I'm doing it.

- You know what? Gimme a freakin' break, ok? I have been an evil freakin' Diva for fourty freakin' years!

- And there's all these young girls and they're all coming to take... well, they're not gonna take my place, but they're gonna take somebody's place.
JLo and Britney and all those girls, you know...
Anyway, you wanna know the truth why I wanna make it so fabulous? I've a motive, ok? And that is, I thought, I'm gonna make this show so fabulous and then I'm gonna say: Follow this, you bitches!


CHER @ Farewell Tour, Miami, 2003

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Votos de um FELIZ NATAL

Este ano é em dueto, com a Mariah e a Patricia Carey. Mãe e filha, pela primeira vez:



, do
Helder.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

London, 2010


South of London - Gatwick Airport

Piccadilly Circus

Minding the Gap!


Embankment

Westminster

The cab! - The peak of chic!


Christmas is all around me, and so the feeling grows.

Trafalgar Sq.

St. James Park - heading to Harrods

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Guy Fawkes Night



Remember, remember the Fifth of November,
The Gunpowder Treason and Plot,
I know of no reason
Why the Gunpowder Treason
Should ever be forgot.

Guy Fawkes, Guy Fawkes, t'was his intent
To blow up the King and Parli'ment.
Three-score barrels of powder below
To prove old England's overthrow;
By God's providence he was catch'd
With a dark lantern and burning match.
Holla boys, Holla boys, let the bells ring.
Holloa boys, holloa boys, God save the King!
And what should we do with him? Burn him!


terça-feira, 19 de outubro de 2010

No baile de máscaras


(...) entre todos os grupos que se entregavam às mais loucas extravagâncias, num grupo que se apertava em redor de um personagem cuja máscara, de aspecto original, macabro, fazia sensação...
Este personagem vestia todo de escarlate com um enorme chapéu de penas numa caveira. Ah! a bela imitação de caveira que ali estava! Os jovens em seu redor achavam-no um grande êxito, felicitavam-no... perguntavam-lhe em que mestre, em que atlier, frequentado por Plutão, lhe tinham feito, desenhado, pintado, uma tão bela caveira! (...)
O homem da caveira, com chapéu de plumas e roupas escarlates, arrastava atrás de si um enorme manto de veludo vermelho cuja flâmula se estendia realmente sobre o soalho; e sobre este manto tinham bordado a letras de ouro uma frase que todos liam e repetiam em voz alta: «Não me toquem! Sou a Morte vermelha que passa...!» (...)

Gaston Leroux
in Le Fantome de L'Opera



quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Imperdível!


Ruthie Henshall canta as Divas dos musicais!
Em Londres, próximo 31 de Outubro.



(Ah! falhei por pouco...)



sexta-feira, 17 de setembro de 2010

S de prostração


Quis escrever, mas nada se revelou além do silêncio. As palavras entorpecidas, como membros atrofiados, tolhidos. Apoderava-se de mim a mudez dos sentimentos.

Deprimido. Definhado. Esmorecido.

Quis escrever, mas não fui capaz porque sentia demasiado - e acometo-me facilmente ao lixo sentimental. Excedia-me inexplicavelmente na tristeza, agressivo, mergulhado no profundo esquecimento de quem amo (ou amava?).

Imemoriado. Perdido. Aniquilado.

E alguém mais se importará da minha Existência?


J.L.

sábado, 21 de agosto de 2010

Noites de Verão, noites de cinema #2


E as noites continuaram, com menos calor, mas sempre com cinema.



























Nos cartazes:
Ziegfeld Follies (1945), de Vincente Minnelli, com Fanny Brice (entre muitos outros)
Greenberg (2010), de Noah Baumbach, com Ben Stiller
Les Parapluies de Cherbourg (1964), de Jacques Demy, com Catherine Deneuve
Bande à part (1946), de Jean-Luc Godard, com Anna Karina
The Postman Always Rings Twice (1946), de Tay Garnet, com Lana Turner
Funny Girl (1968), de William Wyler, com Barbra Streisand
The Big Spleep (1946), de Howard Hawks, com Lauren Bacall
O Sangue (1989), de Pedro Costa, com Pedro Hestnes
Salt (2010), de Philip Noyce, com Angelina Jolie
J'ai Tué Ma Mère (2009), de Xavier Dolan, com Xavier Dolan
Smiles of a Summer Night (1955), de Ingmar Bergman, com Eva Dahlbeck

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

EM CARTAZ:



Salt
de Philip Noyce


Parece ser a pergunta mais óbvia: quem é Salt? O novo filme de Philip Noyce, ontem estreado em Portugal, levanta frequentemente essa questão, ou não seria esse o verdadeiro propósito do filme - uma interessante e curiosa trama de espionagem e acção, maravilhosamente encabeçada por Angelina Jolie, bem ao gosto de James Bond.
Evelyn Salt, agente da CIA, é suspeita de colaborar com a Rússia, esperando o momento do ataque, conhecido como Dia X, em solo americano desde que para lá foi enviada, ainda criança. A um ritmo acelerado e entusiástico, a trama desenvolve-se e revela-se mais misteriosa do que aparenta, um facto já comum em filmes do género. Contudo, Salt difere pela feminilidade e ganha (muito) com isso. Mais do que questões políticas, que podiam, ou não, ser verdade - não importa - o filme centra-se em Salt, Evelyn Salt, na sua história, enquanto mulher e máquina de guerra, única e a melhor do seu tipo. Sem nunca perder a elegância (e beleza), joga com o que tem à mão, vive o impulso, mas pondera, estuda e acaba sempre por vencer. Assim funciona Salt, sempre fiel aos seus instintos, lutando por aquilo para que foi treinada, mas acima de tudo lutando pela justiça.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

19 de Agosto: Dia Mundial da Fotografia



I still need the camera because it is the only reason anyone is talking to me.

If I didn't have my camera to remind me constantly 'I am here to do this', I would eventually have slipped away, I think. I would have forgotten my reason to exist.

Annie Leibovitz, fotógrafa


FOTO: HM

sábado, 14 de agosto de 2010

Noites de Verão, noites de cinema

Assim tem sido, mais intensivamente durante esta semana, as longas noites de verão e de bom cinema, seja na sala da Zon, ou na sala de minha casa.








Nos cartazes:
Inception (2010), de Christopher Nolan, com Leonardo DiCaprio
The Informant! (2009), de Steven Soderbergh, com Matt Damon
Joyeux Noel (2005), de Christian Carion, com Daniel Brül
The Green Mile (1999), de Frank Darabont, com Tom Hanks
Oliver! (1968), de Carol Reed, com Ron Moody
The Princess and the Frog (2009), de Ron Clements e John Musker , com Anika Noni Rose
Un Prophéte (2009), de Jacques Audiard , com Tahar Rahim
Into the Woods (TV) (1990), de James Lapine (musical de Stephen Sondheim), com Bernardette Peters
Wall Street (1987), de Oliver Stone, com Michael Douglas
Ragtime (1981), de Milos Forman, com James Cagney
(500) Days of Summer (2009), de Marc Webb, com Joseph Gordon-Levitt
Zorba the Greek (1964), de Mihalis Kakogiannis, com Anthony Quinn

domingo, 25 de julho de 2010

EM CARTAZ:


The Ghost Writer / O Escritor Fantasma
de Roman Polanski


Curiosa, esta reaparição de Roman Polanski após toda a polémica que circundou o autor nos últimos meses: enquanto trabalhava numa narrativa envolta nos bastidores, entenda-se fantasmas (também), da política britânica, o próprio autor deparava-se com as seus próprios fantasmas...
Porque a questão aí reside, se o público será capaz dessa distinção, entre a realidade e a ficção, ou se o trabalho, excepcional, de Polanski acabará denegrido, injustamente. Parece-me que não, mas também me parece que ainda é cedo para o sabermos.
O Escritor Fantasma é, em boa verdade, um dos melhores trabalhos do autor - e confesso-me, também, como grande admirador dos seus filmes. Este, em particular, prima pela tendência quase realista, não fosse a ficção, ao fundir-se maravilhosamente com o que de mais físico e céptico há na realidade. Aliado a um exímio trabalho de cinematografia (de Pawel Edelman, já frequente nos últimos filmes de Polanski), que de muito contribui para essa visão térrea da realidade, O Escritor Fantasma exemplifica a façanha política, a mentira e a manipulação que assombra toda e qualquer sociedade. Esta é uma realidade, e não havia forma mais verdadeira de a contar a não ser pelas mãos de Roman Polanski.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

INCEPTION, entre o sonho e a realidade


O anúncio magistral que reflecte a incidência (e insistência) dos grandes estúdios em publicitarem os seus filmes. Inception - Origem, o novo filme de Christopher Nolan, que estreia já na próxima semana em Portugal, deixa cada vez mais água na boca. Independentemente dos tempos de crise de que se fala, a publicidade é sempre um investimento a ter em conta - os custos chegam, por vezes, a atingir um valor semelhante ao do próprio filme. Este não fugiu à regra, espalhado por vários edifícios nova iorquinos, onde os sonhos tornam-se mesmo realidade.
E porque não trazer um nicho dessa cultura publicitária (e publicista, essencialmente) para a cinematografia portuguesa?


domingo, 11 de julho de 2010

THE SOPRANOS: Made In America


A magnificiência técnica a favor da arte?

Este texto cinge-se a uma interpretação pessoal e contém spoilers.

O último episódio de The Sopranos é o perfeito exemplo de como a técnica, quando exímia e pensada, pode traduzir-se na mais bela forma artística de contar histórias. Na verdade, só um autor capaz do pleno controlo da sua obra, aliado a um bom trabalho de montagem, conseguirá um feito com esta complexidade e dimensão, o que é quase raro em televisão, embora não totalmente em séries produzidas pela HBO.
O episódio foi largamente criticado em todo o mundo, aquando da sua exibição, tanto pelas melhores, como pelas piores razões, particularmente pela última cena que, apesar de explícita, não tem um entendimento tão fácil e directo como seria esperado, acabando mesmo por ser muito incompreendida (e mal recebida) pelo público em geral. Nela, e para quem está recordado, somos presenteados com um conjunto de planos, usualmente designados por POV (de Point of View) que mostram não mais do que o espaço ou a situação através do olhar (visão) de um determinado personagem. O conceito é conseguido ao intercalar o plano POV entre dois planos (usualmente apertados, o close up) que indicam a reacção do personagem, antes e depois, perante o que vê.


A cena constrói-se nessa perspectiva, essencialmente segundo o que Tony vê e (pres)sente. Introduz-nos ao local - um bar de esquina -, assimilando-o pormenorizadamente; tomamos conhecimento do lugar onde Tony se senta - mesmo em frente à porta de entrada e lateralmente posicionado em relação à casa de banho -, onde o conceito de espaço e de tempo torna-se fundamental, imprescindível até. Só estando atento à forma como o espaço nos é oferecido é que compreendemos as restantes sucessões de planos POV: de facto, não haveria lugar onde Tony ficasse mais desprotegido do que aquele, adjacente aos lavabos, onde é dada a devida ênfase assim que um certo indivíduo de ar suspeito lá entra; além disso, ali mesmo em frente à entrada, estrategicamente posicionado e para receber a família prestes a chegar. O tilintar do sino da porta anuncia a chegada, dando início a cada um dos planos POV. Repare-se no erguer do olhar, seguido do plano com o exacto ponto de vista do personagem, terminando com um novo plano apertado mostrando a sua reacção. Os planos POV assim se vão repetindo, restando apenas Meadow, a filha, que, embora atrasada, marca o momento essencial da cena: vê-mo-la a chegar, Tony ergue o olhar no momento em que disso se apercebe, mas no exacto e preciso segundo em que deveria ser intercalado o plano POV com o ponto de visão de Tony Soprano, surge-nos...

Não vemos.
Não ouvimos.
Mas sentimos, tal como Tony, porque, afinal de contas, este é o seu ponto de vista.
A total escuridão... da morte.

Eis a cena:

EM CARTAZ:


Shirin
de Abbas Kiarostami


Por fim estreou em Portugal um dos últimos filmes do iraniano Abbas Kiarostami. Um excelente exemplo da versatilidade cinematográfica, aqui transformada numa antítese: a simplicidade leva-nos a uma das mais extraordinárias complexidades dramáticas conseguidas em cinema. São 114 rostos, de actrizes iranianas e uma europeia (Juliette Binoche), filmados em plano apertado durante 90 minutos. Assistem a uma encenação - pensamos que sim, porque nada disso é mostrado - de Shirin e Khosrow, uma das mais belas e lendárias histórias de amor da Pérsia.
114 reacções femininas, de todas as gerações, e nada mais que isso, cada uma revendo a sua própria história de amor em Shirin (talvez por isso o filme tenha tomado como título apenas o nome da personagem feminina). E repare-se que não se trata de uma exploração dos sentimentos femininos, mas antes uma valorização dos gestos, do olhar enigmático, dos lábios contorcidos, traduzidos numa certa falsidade ou veracidade emotiva - antítese, novamente. E, por curiosidade ou não, vemo-nos reflectidos naquelas reacções, partilhamos das suas expressões, porque o sentimento é recíproco.
Recomenda-se vivamente!