quarta-feira, 3 de março de 2010

Oscars 2010: Avatar



Seria estranho querer fazer um apanhado geral sobre os filmes que vi e que estão em competição aos Oscars 2010 sem referenciar Avatar, o filme que quase ninguém conhece e que quase ninguém viu.
Pois bem, a começar, e porque é preciso dar o braço a torcer, há que congratular o James Cameron por ter conseguido o que nenhum outro realizador, no mundo, conseguiu até agora: bater o recorde mundial de bilheteiras, anteriormente alcançado por si próprio! Disto podemos ter a certeza, se não for por outro motivo, Avatar já consegui marcar a história do Cinema. Claro que, segundo estudos recentemente feitos, devido à inflação, a posição de Avatar é lá para o número 30, já que o primeiro lugar continua a ser da incontornável obra-prima de Victor Flemming, E Tudo o Vento Levou (Gone with the wind) que, já em 1939 - ano de estreia - superou os 200 milhões de dólares. Mas, ainda assim, já lá dizia Camões que "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades" e fazer um filme com o sucesso de Avatar é, hoje em dia, quase impossível - lembremo-nos que, com a mudança dos tempos, surgiu a pirataria, o dvd, o blu-ray, a crise... .


Mas, quanto ao filme que aqui está em causa, aproveito também para fazer uma pequena referência ao que por aí tenho lido e ouvido acerca do argumento que, dizem, é fraco e com falta de originalidade. Pois bem, parece-me a mim que, ou as pessoas dizem aquilo que realmente sabem ou que o digam só se realmente tiverem alguma coisa de útil para dizer; caso contrário, mais vale não dizer nada. O certo é que se fazem por aí imensas analogias com o Pocahontas e que o filme não passa de uma cópia e não-sei-que-mais e blá-blá-blá. Para ser mais concreto, o filme ultrapassa tudo isso. Aliás, a meu ver, o filme acaba mesmo por ter mais semelhanças com o Danças Com Lobos (Dances With Wolves) - 1990, realizado por Kevin Costner -, já que falamos em argumentos, do que com o Pocahontas, embora as semelhanças sejam evidentes, não descuro a hipótese. Contudo, talvez esses críticos não saibam que o Danças com Lobos ganhou, nesse ano, o Oscar de melhor argumento (entre muitos outros, incluindo de melhor filme e de melhor realizador) e agora vêm dizer que o argumento do Avatar é fraco. Essa não vai comigo. Avatar é um excelente filme, bem construído, bem pensado e muito bem concebido.

Há ainda um outro ponto que não posso deixar de referir e que se prende com esta aptidão, quase talento, mostrada por James Cameron em querer e em tentar fazer de tudo para desenvolver novas técnicas e tecnologias do processo criativo, sempre aliadas à concepção do cinema enquanto arte, constituindo, por isso mesmo, um excelente exemplo da perfeita conjugação da arte e da indústria. Na verdade, se não fosse a sua insistência nesta tridimensionalidade, ainda hoje teríamos filmes em 3D feitos com câmaras fixas e do tamanho de uma máquina de lavar roupa - sim, li de fonte segura - em vez desta portabilidade que Cameron lhes conferiu. Aliás, já quando concebia o Titanic, Cameron foi responsável por ter desenvolvido uma nova câmara de vídeo (da Panasonic) capaz de suportar a pressão da água nas profundezas do Oceano, embora essa câmara, creio que em película de 16 mm, só conseguisse gravar 11 ou 12 minutos de cada vez; depois era preciso mudar a bobine, coisa que, debaixo de água e àquela pressão, seria complicado. Por isso mesmo, esta é mais uma razão da importância de Avatar no contexto da história do cinema e também o porquê de ser importante ver o filme e saber o que o futuro poderá trazer - uma vez mais, "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades" e, como tal, não podemos, obviamente, estar à espera que o Cinema, enquanto arte, em toda a sua forma e conteúdo influenciado pelo tempo em que se insere, não altere essa forma com a mudança dos tempos.


Mas, como referi umas linhas atrás, Avatar é muito mais do que tudo isto e ultrapassa qualquer analogia, seja qual for o filme. Penso que, pela primeira vez, assisti a um filme onde o conceito da tridimensionalidade fazia todo o sentido; repare-se que a imagem em 3D já não deve ser usada para puro entretenimento do público, as exigências devem ser outras, porque as experiências nesse campo já foram suficientes. E Avatar consegue isso muito bem - aliás, não foi por acaso que James Cameron esperou 10 anos para o poder filmar, trazendo esta nova tecnologia da imagem em 3D como nunca foi vista. Efectivamente, só com esta tecnologia foi possível entender a beleza de Pandora, só assim foi possível captar a nossa atenção, manipulando-nos a querer, de alguma forma, saltar para esse mundo tão belo e tão musical. E, por breves momentos, leva-nos mesmo até esse mundo, ainda que digitalmente e com uns óculos desconfortáveis, e proporciona-nos uma experência notável em primeira pessoa.
Em último ponto, e porque o filme é exemplar em cinematografia, direcção artística, realização, edição e outros tais, não sendo por isso tão importante referir o que já se sabe, é preciso ter em muita atenção a banda sonora, uma vez mais, dirigida por James Horner, que já havia sido o autor da banda sonora de Titanic. Confesso que, assim que vi o filme, este tinha sido o único aspecto negativo que conseguia apreender. Contudo, e por curiosidade, optei por ouvir a banda sonora desprovida da imagem - algo que eu já referi algures por aqui, creio, acerca das capacidades de percepção do filme pela sua música. Com efeito, a experência levou-me a crer que a banda sonora, durante o filme, é totalmente consumida pela imagem e revela-se mesmo impotente embora, por vezes, consiga desempenhar o seu papel. Ao ouvir a música de Avatar, mudei completamente a minha opinião: a banda sonora é quase tão boa como o filme! Digamos, de passagem, que mesmo a banda sonora do Titanic, quer se goste ou não da Celine Dion, tem bastante qualidade e fiquei muito supreendido - coisa que, durante o filme, não consegui perceber - quando dei conta das imensas influências, por vezes a mesma conjugação de notas, em relação à do Titanic, ou o autor não seria o mesmo, está claro. Ainda assim, era um pormenor que não podia deixar passar e que me surpreendeu bastante, embora a suposta canção Love Theme - interpretada por Leona Lewis e feita, evidentemente, para ter o mesmo sucesso que a Celine Dion com a My Heart Will Go On - tenha caído, completamente, por terra.
Para finalizar, parece-me que Avatar vai ser mesmo o grande vencedor da noite. Melhor filme, Direcção artística, Cinematografia, Realização, Edição de Som, Mistura de Som e Efeitos Visuais podem, desde já, ser dados como certos.

21 comentários:

Maria Eduarda Colares disse...

Pequeno comentário para tão grande post: concordo contigo e espero que Avatar ´leve as estatuetas para casa... ou para a árvore.
bj

João Ruivo disse...

Pocahontas, Danças com Lobos, O Último Samurai, Avatar... é tudo igual

Como diz o Bruno Aleixo: "Espero que não ganhe o Danças com Lobos com Estrunfes."

E não, não vi o filme e estou a falar de cor antes que alguém me atire isso à cara.

Unknown disse...

Querida MEC,

Sim!!!
Definitivamente, para a Árvore!!!

Bjssssssssss.

pcr disse...

Achei o argumento fraquinho (para o final dá soninho), mas o 3d estava muito bom. Acho que valeu por isso.

Na altura escrevi isto:
http://barulhoesquisito.blogspot.com/2009/12/avatar-algumas-consideracoes.html

Unknown disse...

Anfilófio, por acaso eu tinha lido o post.

Continuo a achar que o argumento não é mau, como tanto dizem.
E depois há toda aquela vertente ecológica, de preservação de um meio ambiente, que não podia ser mais actual.

Renato_Seara disse...

Eu ainda não vi, por isso não me atrevo a criticar.

pcr disse...

E em algumas pessoas resulta mesmo! (estou a lembra-me de um sujeito, que por acaso...)

João Ruivo disse...

Acho que a questão que se coloca não é o argumento ser fraco. É ser repetitivo.

Era como agora vir alguém fazer um filme com o argumento do Padrinho só que em vez de italianos temos esquimós e acrescenta-se uma mensagem sobre o aquecimento global ou o degelo. O argumento até podia ser bom mas dificilmente seria original.

Unknown disse...

Sim, nada que o Terrence Malick não tenha feito com o "O Novo Mundo", embora mais em jeito de adaptação, ou o François Ozon com o "8 Mulheres", relativamente ao "Gosford Park" do Robert Altman que, já de si, tinha muito de Agatha Christie, ou o Duncan Jones no "Moon", relativamente ao "2001" do Kubrick e ao "Solyaris" do Tarkovsky, e ainda o Steven Soderbergh com o "Solaris" em relação ao mesmo "Solyaris", ou até mesmo o Tarantino no "Inglourious", relativamente ao "Dirty Dozen" do Robert Aldrich e, como bem sabemos, ao "Quel maledetto treno blindato" do Castellari. E, se quisermos ver nessa perspectiva, tanto o "Pocahontas" como o "Último Samurai" do Edward Zwick também se inspiraram no "Danças Com Lobos" do Kevin Costner por ter sido anterior a ambos...
É uma coisa que está sempre a acontecer e que nunca ninguém se lembra. Falar tanto disso é, na minha opinião, não ter mais por onde pegar e a mim não me afectou minimamente; continuo a gostar muito do filme. E, como em tudo, há quem goste e fique satisfeito, há quem não goste e fique insatisfeito e há quem seja do contra.

João Ruivo disse...

Sim, está sempre a acontecer, infelizmente as ideias novas escasseiam e portanto mascaram-se ideias velhas de ideias novas. A diferença para alguns dos que enumeraste (não digo todos porque alguns não vi) é que esta 'fórmula' (a do Avatar) está, na minha opinião, demasiado gasta.

É demasiado previsível a cena de de infiltrar numa tribo estranha e as coisas da paixão do protagonista pela chefe da tribo e as dificuldades de adaptação e o sentimento de empatia com a tribo e sentimento de culpa para com o 'povo conquistador' (nós)... tá tudo tão mastigado que parece chiclete.

Bruno Teixeira disse...

Na minha opinião, o argumento até não foi mau... aliás, faz todo o sentido nesta experiência que é ver Avatar no Cinema.

Para quem a viveu e teve o prazer de contemplar a beleza que existe na Lua Pandora (e aqui entra o facto de o filme ser visualmente perfeito), só pensa numa única coisa: aquilo não pode ser destruído!!!

O facto de aquele "mundo" parecer tão real e belo e faz com que se crie uma certa afinidade com a audiência que, tal como acontece com Jake, se sente revoltada pelos acontecimentos.

Dizer que é "tudo igual" jnk é, de todo, radical. Aliás, duvido que tenhas a mesma experiência em ver no cinema, Avatar ou Danças com Lobos. Até porque é isso que o cinema é, uma experiência. Ver, simplesmente um filme, podia vê-lo em casa.

Aí Avatar marca pontos, inclusive no argumento. Tal como disse o Helder, possui a vertente ecológica (tema actual, mas pronto) e durante aquelas quase 3h, alguém pensa lá em Danças com Lobos ou Último Samurai...

Avatar consegue ultrapassar e bem o facto de o argumento ter parecenças com outros filmes.


Mas lá está, são opiniões. E sorry pelo longo comentário.

Unknown disse...

Como dizes, Bruno, vou tocar na ferida:

eu seria incapaz de dizer mal de um filme que gostei só porque toda a gente o foi ver e está na moda. Se gostei e o achei bom, então há que dar o devido e merecido crédito.

São opiniões e são opções...

Um abraço!

João Ruivo disse...

Mas eu nunca neguei a faceta visual e tecnológica do filme. Não duvido que o filme proporcione uma experiência diferente.

O que eu acho é que, neste filme, o visual não está lá para apoiar a história mas antes o contrário. Fez-se uma história para poder mostrar o visual. Não digo que isso não seja válido, mas não é uma estratégia que me fascine.

Não acho que faça muito sentido defenderes o argumento com referências ao visual. Eu sei que no Avatar as duas coisas devem andar por lá de mãos dadas, mas ainda assim só falaste na beleza dos visuais e na experiência que é ver o filme.

"Dizer que é "tudo igual" jnk é, de todo, radical."
Quando digo "tudo igual" sabes bem que não quero dizer TUDO IGUAL. Estou a ter uma discussão com amigos e não a defender a minha tese. Não ando aqui a medir as palavras. Mas as semelhanças são (para mim) escandalosamente inegáveis.

"duvido que tenhas a mesma experiência em ver no cinema, Avatar ou Danças com Lobos."
Claro que não, os filmes têm 20 anos de diferença! Mau era se a experiência fosse a mesma.

E a história da vertente ecológica desculpem-me mas não consigo levar isso a sério. (não tenho argumentos para defender isto portanto ^^)

eu seria incapaz de dizer mal de um filme que gostei só porque toda a gente o foi ver e está na moda. Se gostei e o achei bom, então há que dar o devido e merecido crédito.
Isso veio a propósito de quê? ^^

Mas claro, são opiniões e a minha é a de um gajo que NÃO viu o filme e que possivelmente nem o vai ver. É daquelas coisas - não compro uma revista se achar que não vou gostar do conteúdo por muito que a capa até me possa parecer interessante.

Tavamos mal se gostássemos todos do mesmo.

Ahh!! Só mais uma farpa. ^^
Fiquei 'contente' por Avatar ter "perdido" os Oscars.

Unknown disse...

1. Não! É precisamente o contrário. O VISUAL é que foi DESENVOLVIDO para poder CONTAR a HISTÓRIA – não foi por acaso que o projecto esteve quase duas décadas na gaveta. Eu tinha referido isso: “pela primeira vez, assisti a um filme onde o conceito da tridimensionalidade fazia todo o sentido”. O visual não está lá por acaso, só assim foi possível contar aquela história, como realmente deve ser feito, não querendo com isto dizer que o filme também não teria sido interessante sem toda a tecnologia utilizada.

2. As semelhanças não são “escandalosamente inegáveis”. As semelhanças são, na verdade, MUITO poucas se tivermos mesmo atenção aos acontecimentos. Eu também referi isso: “(…) embora as semelhanças sejam evidentes, não descuro a hipótese.”. Mas, porque não comprovar por nós próprios? Infelizmente, as induções demagógicas por terceiros são mais do que frequentes e quem as ouve (ou lê) devia ser capaz de tirar as próprias conclusões.

3. “Claro que não, os filmes têm 20 anos de diferença! Mau era se a experiência fosse a mesma.” Então porquê comparar, falar e denegrir, tratando-se de filmes tão diferentes, de tempos tão distintos, de tecnologias tão desiguais, mas que por acaso abordam EM PARTE (sublinho mais, PARCIALMENTE) um assunto semelhante?

4. Repito: eu seria incapaz de dizer mal de um filme que gostei só porque toda a gente o foi ver e está na moda. Se gostei e o achei bom, então há que dar o devido e merecido crédito.
Repito mais: Infelizmente, as induções demagógicas por terceiros são mais do que frequentes e quem as ouve (ou lê) devia ser capaz de tirar as próprias conclusões.
E acrescento: É, claramente, o que acontece em grande parte dos casos que atacam o “Avatar” pelo argumento.

5. Mais uma repetição, esta do post do “Inglourious Basterds”: “nunca melhor do que esperar para ver o resultado final - julgar as coisas pela sua aparência, um livro pela capa ou, neste caso, um filme pelo cartaz nunca dá bom resultado.”. E, desculpa-me, tecer comentários tão vincados sobre um filme (e um argumento) que se desconhece, tal como dizes, “não consigo levar isso a sério”.

6. Sobre os Oscars, sabendo que o objectivo primordial do galardão é o reconhecimento de uma obra que se excedeu, simultaneamente, nos campos artístico e da indústria, tanto “Avatar” como “The Hurt Locker” sairiam bons vencedores. Também o referi, ainda que por outras palavras, no respectivo post; esperava que a democracia fosse mais evidente, mas o vencedor foi justo e merecido.

Acabo com esta citação, bem adequada:
“Este [Avatar] é um filme importante, pois, por diversos motivos é uma aventura para os sentidos de quem o for ver no cinema. No cinema e preferencialmente em 3D. É como entrar num aquário e flutuar ao sabor da magia de um demiurgo que nos conduz por terras de sonho e, todavia, nos acorda, sobressaltados, para o futuro do nosso planeta e para os perigos das ingerências abusivas dos negócios sujos nas vidas dos povos.”

João Ruivo disse...

1. Também li essa história e foi precisamente por isso que disse o que disse.

2. Fico um bocadinho ressentido com o comentário das induções demagógicas. Não vi o Avatar pelo mesmo motivo que não vi milhares de outros filmes ou não leio milhares de livros ou não ouço milhares de álbuns: o trailer/resumo/single não despertou a minha atenção.
Em todos os comentários que fiz referi precisamente que não vi o filme de forma a não influenciar ninguém com a minha opinião. Aliás, os dois primeiros comentários que aqui fiz foram em tom de brincadeira, não era para ser levado a sério.
Qualquer um é livre de formar a sua. Eu não vi o filme, tu viste e gostaste... conheço quem o tenha visto e tenha detestado.

3. Eu comparei o argumento, não o filme em geral. As tecnologias mudara, o contexto mudou (não falo só do contexto do filme em si - se é na América ou em Pandora, índios ou ETs - falo também de todo o panorama socio-cultural ou ecológico do nosso mundo)... toda a experiência tem forçosamente de ser diferente.
Nunca disse que o filme não valia a pena ser feito, ou que era inútil ou uma perda de tempo etc.
Simplesmente não tenho vontade de o ver.

4. Mas alguém te está a pedir para dizeres mal do filme?

5. Mas QUANDO É QUE ERA PARA LEVAR A SÉRIO OU QUE AS MINHAS OPINIÕES ERAM FUNDADAS?!
Eu passo a vida a repetir que NÃO vi o filme e a dizer precisamente que a opinião não tem qualquer fundamento.
O primeiro e segundo comentários foram em tom de brincadeira daí para a frente apenas 'me fui defendendo' do que iam dizendo.
O único 'comentário vincado' que me podes atirar à cara é o das semelhanças do argumento, mas esse vejo-me obrigado a redirecciona-lo para a pessoa responsável pela promoção do filme que, então, fez um péssimo trabalho.
Também nunca li\vi o Twilight nem quero fazê-lo porque não me parece interessante (sem querer comparar directamente o conteúdo apenas a situação em si).

6. Nada a comentar. Apenas referi os Oscars, como está explícito, por pura picardia.

Unknown disse...

O que eu penso já está atrás dito, implícita e explicitamente, mas nunca é demais complementar.

Neste género de situações, penso da mesma forma que o Renato: “Eu ainda não vi, por isso não me atrevo a criticar.”.
Também sempre li e ouvi dizer mal do “Twilight”, mas não deixei de o querer ver (e fiz questão disso, até) para saber se realmente o detesto – o livro não li, mas também nunca falei mal dele nem teci nenhuma opinião, embora tenha lido dezenas de textos a denegrir e a gozar o conteúdo. O mesmo aconteceu com “A Máscara 2” e eu não tinha problemas nenhuns se tivesse gostado de algum destes filmes.

Depois, apreendo muita seriedade dos teus comentários, ainda que os tenhas dito em tom de brincadeira. Independentemente do que possas justificar, não deixam de transparecer uma opinião muito definitiva sobre o filme. Parece-me que, neste caso do “Avatar”, construíste uma ideia muito concreta do que é o filme, influenciada por opiniões de outros e que pode muito bem não ser a tua – falo das semelhanças do argumento, claro. E sabes porque digo isto? Digo-o por duas razões: porque estás a atacar o "Avatar" pelo argumento (que é um assunto MUITO CONCRETO e que não é visto em toda a sua forma e conteúdo num trailer) e porque eu tenho a CERTEZA ABSOLUTA que se fosses ver o filme desprovido desses comentários, saías da sala SEM FAZER QUALQUER TIPO DE ANALOGIA fosse com que filme fosse, tivesses tu visto o "Danças com Lobos", o "Pocahontas" ou o "Último Samurai" vezes sem conta. Há semelhanças, isso sim, é inegável, mas não é NADA como dizem ser.

E, por último, também ninguém te está a pedir para dizeres bem do filme…

João Ruivo disse...

Eu acho é que está a haver aqui um sério problema de comunicação e que esta discussão não está a levar a lado nenhum.


Um trailer é um instrumento de promoção do filme e a sua função é mostrar um pouco do que vai ser visto ou despertar a curiosidade dos espectadores. Não gostei do que vi e portanto não fui ver o filme. Não é difícil de compreender esta parte e não tou a perceber onde é que está a confusão.
Sempre afirmei que o que disse e a opinião que tenho é baseada no trailer.

Estou obrigado a ficar calado? Parece aquelas artigos em sites que quando são comentados negativamente alguém diz "Não gostas não leias o artigo."

A minha opinião não tem nada a ver com a dos outros. É MINHA. Mal vi o primeiro trailer do filme fiz um post no meu blog sem ter lido/visto/ouvido mais nada sobre o filme:
- Imediatamente remeteu-me para a Pocahontas (porque o tinha mais presente do que o Danças com Lobos) e perdi a vontade de ver o filme. E nem o visual dos N'avi me pareceu original visto que são muito semelhantes aos Ronsos do FFX (curiosamente também uma tribo 'índia' espiritual).
E digo mais: não li uma única crítica a Avatar.

Se o trailer é fraco a culpa já não é minha. Se um restaurante tem uma publicidade a promover os seus pratos de peixe e tu não gostares de peixe não vais lá comer apesar de haver a possibilidade de o menu até ter uns pratos de carne.

A atitude do Renato é a politicamente correcta, sem dúvida nenhuma. Mas eu tenho uma opinião sobre o filme como também ele tem ou qualquer pessoa tem mesmo antes de o ver, é para isso que servem os trailers, para formares uma opinião prévia (que OBVIAMENTE NUNCA SERÁ ABSOLUTA) e decidires se queres ver o filme ou não. Eu formei a minha e não o quis ir ver.

Para terminar: Eu sei que ninguém me está a pedir para dizer bem do filme, mas mais uma vez não percebi a que propósito é que isso veio.

Tu tavas a 'defender-te' dizendo:
"eu seria incapaz de dizer mal de um filme que gostei só porque toda a gente o foi ver e está na moda. Se gostei e o achei bom, então há que dar o devido e merecido crédito." Eu apenas te perguntei se alguém te estava a pedir para o fazeres porque essa tua frase NADA tem a ver com esta discussão. Confesso que ainda não percebi porque disseste isto ou em que contexto essa frase pode fazer sentido.

Renato_Seara disse...

Bem, confesso que não li exaustivamente os comentários que aqui foram escritos, mas parece-me que tanto o João como tu partilham uma certa razão.

Não falo acerca do filme, porque tal como o filme que venceu o ano passado os Oscares, Avatar ainda não me despertou grande interesse. Aqui dou razão ao João quando ele diz que não é preciso por vezes ver um filme para sabermos que não gostamos.
Dando um exemplo: Eu não preciso de ler qualquer livro do Dan Brown para perceber que não gostarei dele. Não gosto de autores que visam única e exclusivamente as receitas.
James Cameron nesse aspecto é um bocadinho como o Dan Brown (salvaguardando as devidas diferenças). Ele aposta sempre em romances, porque sabe à partida que é um género que chama mais gente às salas de cinema.

Concordo também, com o Bruno e com o Helder, porque acredito que para quem gosta deste tipo de cinema, (épicos), Avatar seja um claro passo em frente pela inovação que representa o mesmo.

Eu não me atrevo a criticar o filme em si, atrevo-me sim a criticar os Oscares, que servem somente para glorificar a (fraca) cultura anglo-saxónixa, virada mais para o lucro do que para a qualidade. Continuo a achar que os melhores filmes dos Oscares continuam a ser os que somente recebem o titulo de melhor filme estrangeiro. Pelo menos no que se refere a nivel de argumento, porque quer queiramos quer não na cerimónia dos Oscares, premeia-se mais o espectáculo à qualidade propriamente dita. Premeia-se mais o artista norte-americano ou inglês aos actores de outras nacionalidades. Premeia-se muito o politicamente correcto, aliás demasiado...

Para concluir, acho os Oscares representativos da mentalidade norte-americana (tudo tem que dar lucro). Para mim o melhor (aquele que mais gosto) cinema continua a ser aquele que é feito não para as receitas de bilheteira mas sim, para os Festivais de Cannes e de Berlim:)).

Abraço

Bruno Teixeira disse...

Antes demais, em relação ao "medir as palavras" nem vou comentar porque acho que pronto... não interessa nem ao menino Jesus.

Ao referires os 20 anos de diferença, estás a constatar o óbvio. Quando disse que os filmes têm experiências diferentes, pensei que estava subentendido o espaço temporal que os separa (e não só).

Se no meu anterior comentário não defendi ou referi o argumento, foi porque pensei que era inútil discutir isso contigo (pela razão óbvia que referes nos teus comentários).

Obviamente que dá para perceber que o teu primeiro comentário foi em tom de brincadeira... contudo, não deixa de reflectir a tua opinião (aliás, já te conheço há alguns anos. Ao ler o teu comentário é como se te estivesse a ouvir lol).

E se o comentei, foi com o intuito de não te influenciares com o que sai cá para fora e que vale a pena ver este filme. Tal como disse, ver Avatar no cinema ultrapassa esse fru-fru que aí anda em relação ao argumento.

São opiniões. Não vou comentar mais este assunto porque seria uma discussão sem conteúdo.

João Ruivo disse...

Renato:
Estamos de acordo quanto aos Oscars/show-off americano. É o mal quando uma arte se transforma numa indústria.
Para além desses festivais também de confessar a minha paixoneta de estimação pelo Festival Sundance dado o seu carácter independente.

Bruno (este é mais longo um bocadinho ^^)
Em relação ao "medir as palavras" concordo contigo, não faz sentido nenhum discutir isso. O que disse foi propositadamente radical e unicamente para picar (e acho que todos perceberam isso).

Quanto à questão dos 20 anos de diferença, ao reler o que respondi compreendo que de facto possa ser interpretado da forma que o fizeste. Mas com o meu comentário não quis rebater o que disseste mas antes reforça-lo dando-te razão nesse ponto. Admito que o texto esteja um bocado ambíguo. Fica então corrigida essa potencial falha - nunca quis dizer que Avatar é redundante, é inegável que é um marco no cinema.

Quanto ao tom de brincadeira/minha opinião sobre o filme. Sim, foi em tom de brincadeira e sim espelha a minha opinião sobre o filme. Estamos de acordo sobre isso.
Só não vejo é de que forma é que, ao emitir a minha opinião estou a ser influenciado pela dos outros. Anda aí muito boa gente a dizer que o argumento é bom e muito boa gente a dizer que o argumento é mau (se bem que tenho de reconhecer que os maldizentes fazem mais barafusta). Podia dizer também que estás influenciado pela opinião dos que acham um bom argumento da mesma forma que dizes isso sobre mim. A diferença é tu teres visto e filme e eu apenas basear a minha opinião no trailer. No entanto, visto que nunca escondi esse facto, acho que não cometi nenhuma incoerência.

João Ruivo disse...

E ah, esta 'polémica' já deve ter ultrapassado o ínfame caso "Amacultura/Cântico Negro".