segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

EM CARTAZ:


You Will Meet A Tall Dark Stranger / Vais Conhecer O Homem Dos Teus Sonhos
de Woody Allen



Há uma estranha simplicidade nos filmes de Woody Allen que me surpreende a cada visualização. Não que os esteja a rever constantemente, mas antes a ver: é notável a extensividade da sua filmografia, particularmente se considerarmos a sua frequente presença (em complemento à realização) como argumentista, actor, produtor, e por aí adiante... Independentemente desta tão curta frequência entre exigentes trabalhos, o certo é que um Woody Allen é sempre diferente do anterior, embora numa estética semelhante, sem nunca ser mau ou surpreendentemente bom, mas sobretudo sem perder de vista uma linha tão lúcida e inteligente na acção explorada.
Mas "Vais Conhecer O Homem Dos Teus Sonhos" é substancialmente diferente do que se tem visto, ou que o autor tenha feito até então. Em boa verdade, parte da sua mais recente filmografia se encontra direccionada para este lado quase introspectivo, ou antes, convergindo para uma moralidade que se baseia nos mais diversos estereótipos. Aconteceu em "Tudo Pode Dar Certo" ("Whatever Works" [2009]), protagonizado por Larry David, e acontece também agora, desta feita com Anthony Hopkins no papel principal e ao lado de Josh Brolin, Naomi Watts e Gemma Jones.
Filmado numa Londres moderna e actual, o filme reflecte sobre esta família, pai, mãe, filha e genro, cada um com as suas vulnerabilidades na vida pessoal e profissional. Fala-nos das dificuldades em aceitar a velhice, e a posterior e louca transformação num jovem de outrora, caindo nos mais variados erros que assomam a (quase) terceira idade; fala-nos da solidão e de como isso nos faz acreditar em videntes charlatãs que prevêem o óbvio ou o que queremos ouvir; fala-nos da inconformidade de um casamento, das dificuldades económicas e do insucesso profissional; fala-nos da inspiração artística, enquanto fio condutor da criação e enquanto razão absoluta para o adultério; mas fala-nos também da esperança e de que, apesar das adversidades, acabamos sempre por conhecer "o homem dos nossos sonhos".
Assim é este novo Woody Allen, desprovido de informação adicional, muito objectivo e conciso, e que cedo nos desperta para a sua intenção, pela criatividade narrativa, reflexiva e humorística; no essencial, como Woddy Allen nos tem, desde sempre, habituado.

1 comentário:

Astrid disse...

Ao ler o teu post, fiquei a aqui a imaginar que realmente não há algo melhor que um realizador entrar em uma das suas melhores fases de sua carreira e justamente após os setenta anos de idade. Longa vida p/ o Woody Allen e para o Clint Eastwood.
Bjs. Fica bem.