The Ghost Writer / O Escritor Fantasma
de Roman Polanski
Curiosa, esta reaparição de Roman Polanski após toda a polémica que circundou o autor nos últimos meses: enquanto trabalhava numa narrativa envolta nos bastidores, entenda-se fantasmas (também), da política britânica, o próprio autor deparava-se com as seus próprios fantasmas...
Porque a questão aí reside, se o público será capaz dessa distinção, entre a realidade e a ficção, ou se o trabalho, excepcional, de Polanski acabará denegrido, injustamente. Parece-me que não, mas também me parece que ainda é cedo para o sabermos.
O Escritor Fantasma é, em boa verdade, um dos melhores trabalhos do autor - e confesso-me, também, como grande admirador dos seus filmes. Este, em particular, prima pela tendência quase realista, não fosse a ficção, ao fundir-se maravilhosamente com o que de mais físico e céptico há na realidade. Aliado a um exímio trabalho de cinematografia (de Pawel Edelman, já frequente nos últimos filmes de Polanski), que de muito contribui para essa visão térrea da realidade, O Escritor Fantasma exemplifica a façanha política, a mentira e a manipulação que assombra toda e qualquer sociedade. Esta é uma realidade, e não havia forma mais verdadeira de a contar a não ser pelas mãos de Roman Polanski.