
"Amália, O Filme", estreado há algumas poucas semanas e já conta com mais de 100.000 espectadores, anuncia a RTP, um facto a ter em conta no contexto cinematográfico português. Não é só por se tratar de um filme português que leva, e bem, o nosso público ao cinema; não é só isso, não. É porque finalmente alguém se lembrou em homenagear a Rainha do Fado, que fisicamente nos deixou há 9 anos, trazendo ao grande ecrã a vida e obra, ainda que discutível, de Amália Rebordão Rodrigues.
Discutível, dizia eu, porque o filme fica muito aquém do que poderia ser; a vida de Amália esteve sempre ligada tanto ao Fado como ao Cinema, aspecto que me parece ter sido esquecido neste filme. O Fado não é muito mas é bom e adequa-se no contexto do filme; o Cinema não passa de uma mera referência neste filme que acaba sempre por levantar a questão da coerência e da veracidade dos factos apresentados da vida de Amália. Certo é que o grande objectivo deste filme passava por mostrar o lado da vida da fadista desconhecido do grande público mas, daí a centralizarem-se e a martirizarem-se com quem a Amália casou ou deixou de casar...
Começamos no ano de 1991, em Nova Iorque, estava Amália num quarto de hotel. Assaltam-lhe recordações da sua vida sofredora e assim somos transportados à sua infância, a vida que passou junto do avô e longe da irmã, Celeste Rodrigues, futura fadista, embora sob a sombra da irmã Amália.
Os tranportes temporais são constantes ao longo do filme seja por que motivo for. Estabelece-se um paralelismo entre o passado amargurado de Amália e o desgosto de um tumor que a consome no início da década de 90, passando pelas inúmeras tentativas de suícídio que Amália se vitimou.
Técnicamente, pouco ou nada se deve apontar. É um filme muito bem produzido, com excelentes cenários e excelente guarda-roupa. A cinematografia tem muita qualidade também, boas luzes, bem posicionadas, já para não falar da caracterização que se nota ser de grande trabalho e minúcia, especialmente da Amália em Nova Iorque, ainda que o resultado final nos pareça um nadinha estranho. Salvo uma ou outra falha, a sonorização é igualmente boa mas, há-que dar o devido e merecido destaque às sequências musicais cantadas pela própria Amália, retiradas de gravações originais e adaptadas à cena criada. O aspecto final ficou muito bom. Vemos uma Sandra Barata Bello tão semelhante fisicamente a Amália Rodrigues com uma inconfundível voz da própria Amália, ao longo de todo o filme, interpretando os seus mais conhecidos fados.
Todo o elenco se adequa bem ao filme e ao guarda roupa; nada parece descontextualizado e tudo vai encaixando bem; o elenco é todo ele muito bom, cheio de bons artistas portugueses nos mais diversos papéis que interagem muito ou pouco na vida de Amália. É um ponto forte deste filme!
Não é um musical nem aparenta ser e muito menos quer ser uma adaptação do grande espectáculo de Filipe La Féria, Amália. Este sim, que foi o primeiro tributo à Rainha do Fado, está à sua altura e faz justiça à sua memória; não direi, no entanto, que o filme perde em tudo isto. Apenas não o expressa da forma correcta e, com uma produção ao nível desta, poderíamos ter um resultado muito superior, que ensinasse a alma do fado através da alma de Amália. Porque Amália não cantava Fado. Amália era e é o Fado.
Discutível, dizia eu, porque o filme fica muito aquém do que poderia ser; a vida de Amália esteve sempre ligada tanto ao Fado como ao Cinema, aspecto que me parece ter sido esquecido neste filme. O Fado não é muito mas é bom e adequa-se no contexto do filme; o Cinema não passa de uma mera referência neste filme que acaba sempre por levantar a questão da coerência e da veracidade dos factos apresentados da vida de Amália. Certo é que o grande objectivo deste filme passava por mostrar o lado da vida da fadista desconhecido do grande público mas, daí a centralizarem-se e a martirizarem-se com quem a Amália casou ou deixou de casar...
Começamos no ano de 1991, em Nova Iorque, estava Amália num quarto de hotel. Assaltam-lhe recordações da sua vida sofredora e assim somos transportados à sua infância, a vida que passou junto do avô e longe da irmã, Celeste Rodrigues, futura fadista, embora sob a sombra da irmã Amália.Os tranportes temporais são constantes ao longo do filme seja por que motivo for. Estabelece-se um paralelismo entre o passado amargurado de Amália e o desgosto de um tumor que a consome no início da década de 90, passando pelas inúmeras tentativas de suícídio que Amália se vitimou.
Técnicamente, pouco ou nada se deve apontar. É um filme muito bem produzido, com excelentes cenários e excelente guarda-roupa. A cinematografia tem muita qualidade também, boas luzes, bem posicionadas, já para não falar da caracterização que se nota ser de grande trabalho e minúcia, especialmente da Amália em Nova Iorque, ainda que o resultado final nos pareça um nadinha estranho. Salvo uma ou outra falha, a sonorização é igualmente boa mas, há-que dar o devido e merecido destaque às sequências musicais cantadas pela própria Amália, retiradas de gravações originais e adaptadas à cena criada. O aspecto final ficou muito bom. Vemos uma Sandra Barata Bello tão semelhante fisicamente a Amália Rodrigues com uma inconfundível voz da própria Amália, ao longo de todo o filme, interpretando os seus mais conhecidos fados.
Todo o elenco se adequa bem ao filme e ao guarda roupa; nada parece descontextualizado e tudo vai encaixando bem; o elenco é todo ele muito bom, cheio de bons artistas portugueses nos mais diversos papéis que interagem muito ou pouco na vida de Amália. É um ponto forte deste filme!
Não é um musical nem aparenta ser e muito menos quer ser uma adaptação do grande espectáculo de Filipe La Féria, Amália. Este sim, que foi o primeiro tributo à Rainha do Fado, está à sua altura e faz justiça à sua memória; não direi, no entanto, que o filme perde em tudo isto. Apenas não o expressa da forma correcta e, com uma produção ao nível desta, poderíamos ter um resultado muito superior, que ensinasse a alma do fado através da alma de Amália. Porque Amália não cantava Fado. Amália era e é o Fado.
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WSS de La Féria não é mais senão um dos melhores espectáculos portugueses actualmente em cena e que, em muitos aspectos, acaba por competir com o que de bom se faz internacionalmente. Sem dúvidas que é um espectáculo merecedor das mais diversas atenções, muito bem produzido e de uma concepção extraordinária. Atreverei mesmo a dizer que o original WSS é dos meus musicais de eleição e que não fiquei, em nada, desiludido com este espectáculo tendo em vista as já elevadas expectativas. Talvez haja um ou outro pormenor que se aponte, como em tudo mas, na sua globalidade, é um musical de excelência, com muito boa música, muito boa coreografia, muito bom guarda-roupa, muito boa cenografia e muito bons actores.
