sábado, 17 de abril de 2010

Ma memoire sale

Lave
Ma mémoire sale dans son fleuve de boue
Du bout de ta langue nettoie moi partout
Et ne laisse pas la moindre trace
De tout ce qui me lie et qui me lasse
Hélas

Chasse
Traque-la en moi, ce n'est qu'en moi qu'elle vit
Et lorsque tu la tiendras au bout de ton fusil
N'écoute pas si elle t'implore
Tu sais qu'elle doit mourir d'une deuxième mort
Alors... tue-la encore

Pleure
Je l'ai fait avant toi et ça ne sert à rien
A quoi bon les sanglots, inonder les coussins
J'ai essayé, j'ai essayé
Mais j'ai le coeur sec et les yeux gonflés
Mais j'ai le coeur sec et les yeux gonflés

Alors brûle
Brûle quand tu t'enlises dans mon grand lit de glace
Mon lit comme une banquise qui fond quand tu m'enlaces
Plus rien n'est triste, plus rien n'est grave
Si j'ai ton corps comme un torrent de lave

Ma mémoire sale dans son fleuve de boue
Lave, lave
Ma mémoire sale dans son fleuve de boue
Lave

Alex Beaupain

domingo, 11 de abril de 2010

Na rubrica O PÁTIO DAS CONVERSAS...

Jorge Pelicano, realizador documentarista, tem presença confirmada!



Frequentemente associado ao trabalho de reporter de imagem para a SIC, Jorge Pelicano realiza o seu primeiro documentário "Ainda há Pastores?", em 2006, que o popularizou ao sair vencedor de importantes prémios nacionais e internacionais.
Em 2009, estreia "Pare, Escute, Olhe", o seu segundo documentário, agora em circuito comercial, arrecadando numa mesma noite 6 grandes prémios do cinema documental português, no Cine'Eco e no DocLisboa.

Uma conversa imperdível, só n'O Pátio das Conversas.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Pare, Escute, Olhe


O brilhante documentário de Jorge Pelicano, sobre a linha do Tua, estreou ontem nos cinemas. Uma excelente notícia sobre um filme imperdível, vencedor de inúmeros prémios nacionais no CineEco e no DocLisboa.



E a propósito disso mesmo, haverá novidades para breve...


terça-feira, 6 de abril de 2010

O PÁTIO DAS CONVERSAS



#1 Jorge Paixão da Costa, realizador de cinema


HM – Jorge Paixão da Costa, em primeiro lugar, obrigado pela disponibilidade e por ter aceite o meu convite para esta conversa.
Indo, então, directo ao assunto, creio que a melhor forma de começarmos seria por falar dos seus primeiros trabalhos na arte cinematográfica. Ao que consegui apurar, no inicio da sua carreira trabalhou em alguns filmes como assistente de realização - embora também tenha vindo a exercer esse cargo em produções mais recentes. Suponho que um dos primeiros realizadores com quem trabalhou tenha sido o Lauro António. Que memórias guarda desses tempos? Entendia-os como uma fase de aprendizagem ou achava-os tão aborrecidos que não via a hora de começar a fazer um filme só seu?

JPC – Guardo muito boas memórias desse tempo que coincide com o meu regresso a Portugal após uma década a viver na Suécia onde me licenciei na Universidade de Estocolmo em Cinematografia. Trabalhar com o Lauro António foi um excelente arranque de carreira.
Já pensava nos meus filmes, mas queria ver e observar os outros a trabalhar daí o meu longo assistanato de oito anos.

HM – Fernando Lopes: um realizador por quem eu tenho muita estima e também um realizador com quem o Jorge já teve oportunidade de trabalhar. E o mesmo digo para outros realizadores como José Fonseca e Costa e António-Pedro Vasconcelos, com quem o Jorge já trabalhou. Foi fácil adaptar-se ao processo de criação de cada um dos realizadores, não só estes que referi, mas de todos com quem trabalhou? Encontrou muitas dificuldades e atritos (que queira partilhar) entre si e algum realizador em particular?

JPC – Apenas colaborei com o Fernando Lopes na preparação do Fio do Horizonte e cultivei uma amizade que ainda hoje prezo. Quanto ao meu trabalho como António Pedro e o José Fonseca foram de maneira diferente grandes momentos de aprendizagem e camaradagem. Reincidi, pois fiz mais que um filme com cada um deles, sempre com muito entusiasmo e acreditando nos projectos.

HM - Jorge, agora uma pergunta que não posso deixar de lhe fazer. Em 2008, o seu filme "O Mistério da Estrada de Sintra" esteve a concurso no Festival de Cinema "Famafest", curiosamente dirigido pelo Lauro António. Nesse ano, o Presidente do Júri Internacional era precisamente o Fernando Lopes e o Presidente do Júri da Juventude era eu mesmo. Contudo, se bem me lembro, ao seu filme apenas foi atribuído o Prémio Ficção, pelo Júri da Juventude. Acha que o Fernando Lopes o prefere ver como assistente?

JPC – Esse prémio é uma novidade para mim. Quanto ao Fernando, pensou que achou, com todo o direito, haver filmes que mereciam mais o prémio que o meu. Já ganhei vários prémios em festivais, como Belfort, Moscovo e Arare, por exemplo, e nunca me foram atribuídos pelo lado da amizade. Raramente sei em que festivais os meus filmes andam e quem são os membros do júri. A verdade é que mandar filmes a festivais é mais uma iniciativa, pelo menos no meu caso, dos produtores. Em Arare o Mistério ganhou o prémio do público, melhor filme e argumento e só soube quase 3 meses depois quando me foram entregues as estatuetas.

HM – Com certeza e, na verdade, eu tive oportunidade de falar algumas vezes com o Fernando e, devo dizer-lhe, os elogios sempre foram muitos!
Mas, voltando ao seu trabalho, também não posso deixar de fazer uma referência ao seu trabalho em produções estrangeiras. Que grandes diferenças notou entre o cinema português e o internacional, em termos de produção? Acha que estamos bem posicionados, ou ainda temos muito que caminhar?

JPC – Trabalhei em algumas
produções estrangeiras como assistente de realização como por exemplo o “Chain Reaction” do Richard Bennet com o Martin Sheen e no Barco do Amor, para mencionar algumas americanas por exemplo e lembro-me de grandes equipas impessoais e bons salários.

HM – Da mesma forma, sabendo que o Jorge adquiriu grande parte da sua formação em Cinema em Países como a Suécia e a Alemanha - e pergunto isto tendo, também, em conta o seu trabalho como professor na Universidade Lusófona - acha que, nesta matéria, Portugal está bem servido de escolas e professores capazes de instruir as novas gerações na arte cinematográfica?

JPC – O ensino do cinema em Portugal está a evoluir, como seria de esperar. No entanto não podemos esquecer que muito mudou, particularmente com o desenvolvimento do dispositivo tecnológico e com a introdução e desenvolvimento das componentes multimédia e interactividade. Ainda há uma semana filmei uma cena para um programa de ficção televisiva com um telemóvel operado por mim. Isto seria inconcebível quando estudei cinema. A escolas de cinema terão de observar a importância destes aspectos evolutivos com tranquilidade sem descurar, obviamente, os aspectos clássicos como por exemplo a filosofia subjacente à narrativa que herdamos da antiguidade.

HM – Jorge, depois de tantos anos a trabalhar em cinema e televisão, que grandes diferenças encontra entre os dois, em termos de processo criativo? Tem preferência por algum?

JPC – Cada projecto é um projecto. Não combino nem separo o cinema e a televisão. Em cada um há particularidades e idiossincrasias que os tornam atractivos e diferentes. Gosto muito, e sobretudo o que me entusiasma é o processo criativo que a ficção proporciona e só depois penso se é cinema ou televisão.

HM – Para finalizar, uma pergunta que também não posso deixar de fazer. Como realizador português, como vê o estado actual, não só do cinema português, mas do cinema, na sua generalidade, em Portugal?

JPC – Isso seria uma discussão e o esclarecimento de uma visão que nos levaria a nunca mais acabar com as explicações, teses e especulações. Prefiro responder, com toda a sinceridade, que o estado do cinema português actual, para mim, tem como prioridade os meus alunos e a possibilidade de virem a ser criativos de sucesso, realizados nas suas aspirações mas sobretudo conscientes do seu conhecimento do estado e do conceito de arte.

HM – Jorge Paixão da Costa, agradeço imenso a sua atenção e disponibilidade. Desejo-lhe os maiores sucessos, se é que já não os tem. Obrigado.